São Paulo, sábado, 16 de agosto de 2008

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Prefeitura flagra até bingo em área pública

Operação foi feita para identificar terrenos remanescentes das desapropriações para a construção da av. Jornalista Roberto Marinho

Nas 23 áreas públicas na região, que somam 42.909 m2, fiscais descobriram estacionamentos, oficinas, lojas de carros e lava-rápido

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Prefeitura de São Paulo encontrou até um bingo construído sobre uma das 23 áreas públicas que pertencem ao Estado e ao município fiscalizadas na região da avenida Jornalista Roberto Marinho, na zona sul da cidade.
A operação foi realizada por um grupo de trabalho formado na Subprefeitura de Pinheiros, responsável pela área, para identificar terrenos públicos e áreas remanescentes das desapropriações feitas para a construção da avenida, durante a gestão de Paulo Maluf (1993-96) na prefeitura.
Além do bingo, os fiscais descobriram atividades como dois estacionamentos, ao lado da avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, uma das regiões mais valorizadas de São Paulo. No local, deveria haver uma praça e uma rua.
Somadas, as áreas incluídas no levantamento da subprefeitura chegam a 42.909 metros quadrados, mas ao menos um dono de estabelecimento comercial já regularizou a situação de seu terreno.
Também havia um terreno vazio que foi transformado em praça e outro com uma escola pública.

Milhões de reais
De acordo com o presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), José Augusto Viana Neto, o valor médio do metro quadrado na avenida é de R$ 1.200.
Por essa cotação, os terrenos valeriam, todos juntos, cerca de R$ 51 milhões.
"O metro quadrado pode aumentar bastante, se for um terreno grande com bom potencial de construção", diz. "Além do mais, está cada vez mais difícil encontrar áreas vazias em locais com estrutura. A prefeitura seguramente está perdendo dinheiro."
O terreno onde fica o prédio do Gran Bingo, na esquina das avenidas Jornalista Roberto Marinho e Santo Amaro, pertence ao DER (Departamento de Estradas de Rodagem), segundo o relatório do grupo de trabalho.
O bingo, com 1.700 metros quadrados de área, foi interditado em junho do ano passado, durante uma fiscalização, por falta de alvará. O prédio vazio permanece no local.

Estacionamentos
O caso mais gritante, porém, é de dois estacionamentos da ParkPlan, que estavam em 1.422 metros quadrados públicos na esquina com a Berrini. Intimados, os proprietários deixaram o local.
Outro estacionamento, o Saga-Park, na esquina das avenidas Jornalista Roberto Marinho e Jurubatuba, tem 3.800 metros quadrados, dos quais 800 metros quadrados são da prefeitura. A área total abriga mais de cem carros e cobra R$ 90 por mês por vaga.
O proprietário, Marco Antonio Carneiro, diz que sabe be da situação, mas "está defendendo a área" para não jogarem lixo.

"Pedaço de volta"
Segundo ele, seu terreno já teve 5.000 metros quadrados, mas 2.000 metros quadrados foram desapropriados em 1994 para a passagem da avenida Jurubatuba.
"Pagaram um valor muito abaixo do mercado, e entramos na Justiça pedindo ou um pedaço de volta ou um valor maior", diz.
Hoje, ele conta com liminar para manter a área.
O grupo da subprefeitura ainda notificou a existência de oficinas, de lojas de carros e pneus e de lava-rápido nos terrenos. Descobriu ainda áreas públicas cercadas e "vigiadas" por caseiros, além de lotes que se expandiram sobre terrenos da prefeitura.
O subprefeito de Pinheiros, Nilton Nachle, diz que a ação foi desencadeada em junho do ano passado após apurados indícios de invasão ao longo da Roberto Marinho.
"Fomos a órgãos do município e do Estado para cruzar as informações dos limites dos terrenos. Depois, notificamos as pessoas que estavam ocupando esses locais. Já solucionamos alguns casos."


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