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Prefeitura flagra até bingo em área pública
Operação foi feita para identificar terrenos remanescentes das desapropriações para a construção da av. Jornalista Roberto Marinho
Nas 23 áreas públicas na região, que somam 42.909 m2, fiscais descobriram estacionamentos, oficinas, lojas de carros e lava-rápido
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A Prefeitura de São Paulo encontrou até um bingo construído sobre uma das 23 áreas públicas que pertencem ao Estado
e ao município fiscalizadas na
região da avenida Jornalista
Roberto Marinho, na zona sul
da cidade.
A operação foi realizada por
um grupo de trabalho formado
na Subprefeitura de Pinheiros,
responsável pela área, para
identificar terrenos públicos e
áreas remanescentes das desapropriações feitas para a construção da avenida, durante a
gestão de Paulo Maluf (1993-96) na prefeitura.
Além do bingo, os fiscais descobriram atividades como dois
estacionamentos, ao lado da
avenida Engenheiro Luís Carlos Berrini, uma das regiões
mais valorizadas de São Paulo.
No local, deveria haver uma
praça e uma rua.
Somadas, as áreas incluídas
no levantamento da subprefeitura chegam a 42.909 metros
quadrados, mas ao menos um
dono de estabelecimento comercial já regularizou a situação de seu terreno.
Também havia um terreno
vazio que foi transformado em
praça e outro com uma escola
pública.
Milhões de reais
De acordo com o presidente
do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis),
José Augusto Viana Neto, o valor médio do metro quadrado
na avenida é de R$ 1.200.
Por essa cotação, os terrenos
valeriam, todos juntos, cerca de
R$ 51 milhões.
"O metro quadrado pode aumentar bastante, se for um terreno grande com bom potencial de construção", diz. "Além
do mais, está cada vez mais difícil encontrar áreas vazias em
locais com estrutura. A prefeitura seguramente está perdendo dinheiro."
O terreno onde fica o prédio
do Gran Bingo, na esquina das
avenidas Jornalista Roberto
Marinho e Santo Amaro, pertence ao DER (Departamento
de Estradas de Rodagem), segundo o relatório do grupo de
trabalho.
O bingo, com 1.700 metros
quadrados de área, foi interditado em junho do ano passado,
durante uma fiscalização, por
falta de alvará. O prédio vazio
permanece no local.
Estacionamentos
O caso mais gritante, porém,
é de dois estacionamentos da
ParkPlan, que estavam em
1.422 metros quadrados públicos na esquina com a Berrini.
Intimados, os proprietários
deixaram o local.
Outro estacionamento, o Saga-Park, na esquina das avenidas Jornalista Roberto Marinho e Jurubatuba, tem 3.800
metros quadrados, dos quais
800 metros quadrados são da
prefeitura. A área total abriga
mais de cem carros e cobra R$
90 por mês por vaga.
O proprietário, Marco Antonio Carneiro, diz que sabe be da
situação, mas "está defendendo
a área" para não jogarem lixo.
"Pedaço de volta"
Segundo ele, seu terreno já
teve 5.000 metros quadrados,
mas 2.000 metros quadrados
foram desapropriados em 1994
para a passagem da avenida Jurubatuba.
"Pagaram um valor muito
abaixo do mercado, e entramos
na Justiça pedindo ou um pedaço de volta ou um valor
maior", diz.
Hoje, ele conta com liminar
para manter a área.
O grupo da subprefeitura
ainda notificou a existência de
oficinas, de lojas de carros e
pneus e de lava-rápido nos terrenos. Descobriu ainda áreas
públicas cercadas e "vigiadas"
por caseiros, além de lotes que
se expandiram sobre terrenos
da prefeitura.
O subprefeito de Pinheiros,
Nilton Nachle, diz que a ação
foi desencadeada em junho do
ano passado após apurados indícios de invasão ao longo da
Roberto Marinho.
"Fomos a órgãos do município e do Estado para cruzar as
informações dos limites dos
terrenos. Depois, notificamos
as pessoas que estavam ocupando esses locais. Já solucionamos alguns casos."
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