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SAÚDE
Paciente deve fazer exame de urina anual para prevenir o problema, que é tema do dia mundial da doença
Diabetes pode levar à perda dos rins
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O diabetes descontrolado custou os rins do programador aposentado João Teófilo Rodrigues
Maia, 40. Diabético desde a adolescência, diz que nunca recebeu
muita orientação. "Abusava bastante dos doces."
Após 15 anos de doença, as
complicações vieram "em avalanche", como diz: nos olhos, nos
nervos, nos rins. Fez hemodiálise
(procedimento de filtragem do
sangue por uma máquina) e, por
último, um transplante de rim.
São histórias como a de Maia
que os órgãos de saúde querem
evitar. As doenças renais atingem
um terço dos diabéticos no mundo e o diabetes é a principal causa
de problemas nos rins. Preveni-las é barato -basta que o diabético siga a dieta adequada, controle
a pressão, pratique exercícios, evite fumo e álcool e realize um exame de urina por ano para saber
como estão os rins.
Calcula-se, no entanto, o custo
da hemodiálise em US$ 35 mil por
ano, por paciente, por exemplo.
As complicações pelo diabetes
respondem por 5% a 10% dos gastos com saúde de todos os países,
de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).
Os problemas renais decorrentes do diabetes foram o tema do
dia mundial da doença, comemorado na última sexta-feira."É possível não chegar às complicações", diz Ruy Barata, diretor da
Sociedade Brasileira de Nefrologia. Geralmente, elas aparecem
após dez anos de descontrole do
diabetes, explica Fadlo Fraige Filho, vice-presidente da Federação
de Diabetes da América do Sul.
A glicose (açúcar) presente no
sangue dos diabéticos que não se
cuidam é extremamente tóxica,
afeta os capilares, vasos pequenos
dos rins, alterando sua capacidade de filtragem do sangue.
Com o dano, os capilares deixam passar para a urina "o que
não deveriam". O primeiro sinal
de problema renal à vista é a presença de albumina (uma proteína) na urina, detectada por exame. Nessa fase, ainda é possível
deter a doença renal e até fazê-la
retroagir. Algumas vezes é preciso
trocar comprimidos usados no
controle do diabetes por insulina.
Frequentemente, no entanto,
não há sintoma para o diabético
até que os rins parem completamente de funcionar. Alguns, na
evolução da doença renal, têm
pressão alta, sentem mais vontade
de urinar à noite, sofrem com
choques nas pernas, náuseas, vômitos e fraqueza.
Censo realizado pela Sociedade
Brasileira de Nefrologia em clínicas de diálise apontou que o diabetes é a segunda causa de doença
renal. A primeira é a hipertensão
-mas muitas vezes o diabetes leva à pressão alta. Hoje há cerca de
60 mil pessoas no país que dependem da diálise para viver. De
acordo com Fraige Filho, cerca de
40% a 50% dos pacientes são portadores de diabetes. Um estudo
da USP calculou em 36 meses a
sobrevida dessas pessoas.
A fila para transplante de rim é a
maior no país. Há 29.381 pessoas
aguardando, segundo dado do
Ministério da Saúde.
Existem 190 milhões de pessoas
com diabetes no mundo. A OMS
estima que o número de casos
chegará a 330 milhões em 2025. O
maior crescimento, de 85%, deve
ocorrer na América do Sul e América Central, em decorrência do
fenômeno recente de envelhecimento da população.
"Aqui a maior parte dos doentes
só descobre o problema quando
já tem retinopatia diabética [uma
complicação ocular]", afirma
Fraige Filho.
A Federação de Associações Nacionais
de Diabetes realiza hoje, no colégio Madre Cabrini, na zona sul de São Paulo,
exames gratuitos para detecção de complicações em diabéticos, entre eles o de
urina. Há capacidade para atender 10
mil pessoas. O endereço é r. Madre Cabrini, 36 (estação Vila Mariana do Metrô)
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