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URBANISMO
Cidade pode ganhar 79 áreas de preservação cultural em processo que levou em conta mobilização de moradores vizinhos
Paulistanos elegem "patrimônio afetivo"
SIMONE IWASSO
DA REPORTAGEM LOCAL
À primeira vista, é difícil encontrar algo em comum entre o prédio da Faculdade de História e
Geografia da USP, no Butantã
(zona oeste de São Paulo), a residência da artista plástica Tomie
Ohtake, no Campo Belo (zona
sul), e a biblioteca municipal do
Canindé, no Pari (centro). O que
une as três construções é a possibilidade de ganhar status de patrimônio cultural graças ao apoio
dos moradores vizinhos.
Os prédios fazem parte de uma
lista com 79 áreas de preservação
cultural criadas pelos planos diretores regionais das 31 subprefeituras da cidade.
Se os planos não forem alterados pela Câmara Municipal, as
edificações ganharão status de Zepec (Zona Especial de Preservação Cultural), instrumento previsto no Plano Diretor para classificar edifícios e conjuntos urbanos sujeitos à preservação, recuperação e manutenção do patrimônio histórico, artístico e arqueológico.
Afetividade
As sugestões de áreas a serem
preservadas vieram, na maior
parte dos casos, dos próprios moradores dos bairros. Além do valor arquitetônico e histórico dos
imóveis, levou-se em conta a relação de afetividade da população
com determinados locais.
"Os tombamentos sempre decorreram de listas efetuadas por
técnicos e historiadores. Nunca
ou raramente imóveis foram
tombados por abaixo-assinado de
moradores", afirma o arquiteto e
urbanista Carlos Lemos, professor da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da USP.
O arquiteto aponta como positivo o fato de muitas propostas serem originárias da população dos
bairros.
"Não há nenhum mal em preservar uma coisa que tem embasamento no sentimento coletivo.
Um bem cultural é aquilo que representa a sociedade, tem que ser
uma amostragem da arquitetura
urbana", afirma.
Para chegar à listagem final, os
técnicos das subprefeituras organizaram e selecionaram as propostas da população, que passaram também por especialistas da
Secretaria de Planejamento.
Se aprovadas na Câmara, as
propostas serão então levadas ao
Conpresp (órgão municipal responsável pela preservação do patrimônio) para abertura do processo de tombamento.
Detalhes
"Procuramos ouvir bastante a
população e examinar as propostas apresentadas. Algumas delas
trouxeram riqueza de detalhes
nas escolhas, com elementos que
nós não conhecíamos", conta o
responsável pela elaboração do
plano diretor da Subprefeitura da
Sé, Walter Bellintani.
Mesmo na região da Sé, onde já
há uma grande concentração de
edificações tombadas, foi proposta a criação de 33 Zepecs, que
abrangem espaços como o Convento e a Igreja do Carmo, na rua
Martiniano de Carvalho, e o edifício Trussardi, na av. São João.
Existem na cidade, atualmente,
cerca de 1.900 imóveis tombados
pelo Conpresp e 115 bens tombados pelo Condephaat (órgão estadual responsável pela preservação
do patrimônio).
Veja as áreas que podem ser preservadas na http://www.folha.com.br/032271
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