São Paulo, domingo, 17 de agosto de 2003


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URBANISMO

Entre os imóveis candidatos ao status de patrimônio cultural há símbolos do período de pujança econômica da cidade

Preservação valoriza face moderna de SP

DA REPORTAGEM LOCAL

Espalhados por vários bairros da cidade e abrigando os mais diversos usos, os 79 imóveis que devem ganhar status de patrimônio cultural são obras que ajudaram a consolidar a arquitetura moderna em São Paulo. Nos projetos das edificações aparecem nomes como João Batista Vilanova Artigas, Rino Levi, Joaquim Guedes, Oswaldo Arthur Bratke, Paulo Mendes da Rocha e Ruy Ohtake -arquitetos que, dos anos 50 a 70, estabeleceram um novo padrão de arquitetura em São Paulo.
Utilizando-se de grandes estruturas de concreto, os arquitetos do período procuraram aliar a produção industrial ao rigor geométrico. Como resultado surgiram obras com grandes vãos, uso de pilotis (conjunto de colunas que sustentam uma edificação, deixando área livre para circulação no pavimento térreo) e ausência de revestimentos e adornos nas paredes.
Artigas, uma das figuras centrais do período, é o autor do projeto arquitetônico e pedagógico da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. São dele algumas das casas propostas para tombamento nos bairros de Santo Amaro e Consolação.
"Em uma cidade tão extensa como São Paulo, a arquitetura cria referências e símbolos de identificação. Os arquitetos da escola paulista construíram muitos dos símbolos que temos hoje, dos prédios que reconhecemos. Foi uma época em que edifício falou muito alto", diz a arquiteta Anália Amorim, da Escola da Cidade.
O edifício ocupado pelo Banco Itaú, na avenida Paulista, é um exemplo de obra do arquiteto Rino Levi. Criado na década de 60, o prédio é formado por dois volumes sobrepostos, o banco, com três andares, e uma torre de escritórios, com 14 andares. A fachada do prédio é composta de caixilhos de vidro, bastante utilizados na época.
Do mesmo autor, constam na lista das áreas a serem preservadas o edifício Trussardi, na avenida São João, o Instituto Sedes Sapientiae, hoje utilizado pela Faculdade de Ciência e Tecnologia da PUC, e o prédio da OAB, no centro da cidade.
"São arquitetos de uma mesma geração que trabalharam num período de muito progresso em São Paulo. Existia uma procura formal de soluções que se encaixassem na tecnologia disponível, e o concreto apresentava mais vantagens do que o ferro", explica o arquiteto e pesquisador Roberto Rocco.
Segundo o arquiteto, o uso do concreto, marca das obras do período, exigia uma mão-de-obra menos especializada, por ser um material mais maleável, mais barato e trabalhado no próprio local da construção. (SIMONE IWASSO)


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