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URBANISMO
Entre os imóveis candidatos ao status de patrimônio cultural há símbolos do período de pujança econômica da cidade
Preservação valoriza face moderna de SP
DA REPORTAGEM LOCAL
Espalhados por vários bairros
da cidade e abrigando os mais diversos usos, os 79 imóveis que devem ganhar status de patrimônio
cultural são obras que ajudaram a
consolidar a arquitetura moderna
em São Paulo. Nos projetos das
edificações aparecem nomes como João Batista Vilanova Artigas,
Rino Levi, Joaquim Guedes, Oswaldo Arthur Bratke, Paulo Mendes da Rocha e Ruy Ohtake -arquitetos que, dos anos 50 a 70, estabeleceram um novo padrão de
arquitetura em São Paulo.
Utilizando-se de grandes estruturas de concreto, os arquitetos
do período procuraram aliar a
produção industrial ao rigor geométrico. Como resultado surgiram obras com grandes vãos, uso
de pilotis (conjunto de colunas
que sustentam uma edificação,
deixando área livre para circulação no pavimento térreo) e ausência de revestimentos e adornos
nas paredes.
Artigas, uma das figuras centrais do período, é o autor do projeto arquitetônico e pedagógico
da Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da USP. São dele algumas das casas propostas para
tombamento nos bairros de Santo
Amaro e Consolação.
"Em uma cidade tão extensa como São Paulo, a arquitetura cria
referências e símbolos de identificação. Os arquitetos da escola
paulista construíram muitos dos
símbolos que temos hoje, dos prédios que reconhecemos. Foi uma
época em que edifício falou muito
alto", diz a arquiteta Anália Amorim, da Escola da Cidade.
O edifício ocupado pelo Banco
Itaú, na avenida Paulista, é um
exemplo de obra do arquiteto Rino Levi. Criado na década de 60, o
prédio é formado por dois volumes sobrepostos, o banco, com
três andares, e uma torre de escritórios, com 14 andares. A fachada
do prédio é composta de caixilhos
de vidro, bastante utilizados na
época.
Do mesmo autor, constam na
lista das áreas a serem preservadas o edifício Trussardi, na avenida São João, o Instituto Sedes Sapientiae, hoje utilizado pela Faculdade de Ciência e Tecnologia
da PUC, e o prédio da OAB, no
centro da cidade.
"São arquitetos de uma mesma
geração que trabalharam num período de muito progresso em São
Paulo. Existia uma procura formal de soluções que se encaixassem na tecnologia disponível, e o
concreto apresentava mais vantagens do que o ferro", explica o arquiteto e pesquisador Roberto
Rocco.
Segundo o arquiteto, o uso do
concreto, marca das obras do período, exigia uma mão-de-obra
menos especializada, por ser um
material mais maleável, mais barato e trabalhado no próprio local
da construção.
(SIMONE IWASSO)
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