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Temor ainda não afetou venda de pacotes
DE LONDRES
A percepção do aumento da
violência em grandes cidades brasileiras não afetou, recentemente,
a venda de pacotes turísticos para
o país. Mas é possível que comece
a ter impacto negativo, caso essa
tendência se intensifique. A análise é de Tim Murray-Walker, gerente de marketing da Journey
Latin America, uma das maiores
agências de turismo dedicadas à
região no Reino Unido.
Walker conta que, por exemplo,
depois da exibição do filme "Cidade de Deus", vários turistas
perguntavam se o Brasil "era tão
perigoso assim mesmo".
Segundo ele, as vendas ainda
não foram afetadas, mas a tendência é que sejam, caso a imprensa internacional continue
destacando a violência no país.
Walker diz que segue à risca os
conselhos dados pelo governo
britânico aos turistas e não vê exagero nas recomendações.
"Seria ótimo dizer que não há
problemas, que a criminalidade é
baixa, mas não seria verdade."
Ele explica que os turistas com
mais possibilidade de desistir de
ir ao Brasil por conta do aumento
da violência são aqueles que não
estão acostumados a viajar fora
da Europa. Um segundo grupo,
composto por pessoas que já são
cientes dos riscos de grandes cidades como Rio e Cidade do México
e que estão mais acostumadas a
viajar por outras partes do mundo, não tende a ser afetado.
O casal britânico Emmanuel
McDonald e Hannah Bicât faz
parte do último grupo. Eles já estiveram no Brasil duas vezes e
aproveitaram para aperfeiçoar a
prática da capoeira -os dois se
preparam para virar professores
do esporte. McDonald esteve em
várias cidades do Nordeste, como
Fortaleza e Salvador. Hannah,
além do Nordeste, também passou alguns dias no Rio de Janeiro.
"Realmente não tive problema
nenhum com violência. Não gostei tanto da cidade como gostei do
Nordeste, mas porque achei que o
Rio é uma cidade grande."
Hannah notou, no entanto, que,
para uma mulher, pode ser mais
seguro estar acompanhada de um
homem. "Quando você está sozinha ou com outra mulher, os homens ficam tentando falar com
você e te parar o tempo todo."
McDonald conta que o único
susto que tomou no Nordeste foi
quando estava em um ônibus que
foi parado pela polícia, que revistou todos os passageiros.
"No início pensei "o que está
acontecendo, o que é isso?" Mas aí
a pessoa que estava comigo me
explicou que eles estavam procurando armas porque era uma rota
onde assaltos eram comuns. Aí,
até me senti mais seguro", conta.
Os dois afirmam que não
acham que o Brasil seja tão perigoso e garantem que gostariam de
voltar ao país, principalmente às
regiões Nordeste e Norte.
"Eu teria ido ao Brasil no ano
passado de novo se tivesse tido dinheiro", diz McDonald.
(EF)
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