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Governo Lula pede desculpas e mantém Exército no Rio
Jobim foi ao morro da Providência, onde militares se envolveram na morte de 3 jovens
Ministro, que foi ao Rio após reunião com presidente, criticou os militares e definiu atuação dos 11 envolvidos como "abominável"
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, apresentou ontem, em
nome do governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, desculpas formais pela morte de
três rapazes do morro da Providência (centro do Rio), que, segundo um grupo de militares
do Exército, foram entregues a
traficantes como punição por
tê-los desacatado. O pedido de
desculpas foi feito durante reunião com moradores.
Jobim criticou publicamente
a violência dos militares, alertou a tropa para que não responda a eventuais provocações
e anunciou que a Força permanecerá no morro, apesar das
críticas e do pedido de moradores para que deixassem o local.
Acompanhado do comandante do Exército, general Enzo Peri, o ministro definiu a
atuação dos 11 militares -um
tenente, três sargentos e sete
soldados, todos presos- como
"indesculpável", "abominável"
e "desprezível". Jobim disse
que o governo não tem dúvidas
de que os acusados levaram os
três jovens até os traficantes,
que os torturaram e mataram.
Jobim foi ao Rio após encontro com o presidente Lula, que
classificou o episódio de "gravíssimo". O presidente determinou a manutenção dos militares no local. Ordenou ainda
que o caso seja tratado como
um fato isolado.
"Fora Exército"
Jobim esteve no morro em
duas oportunidades. À noite,
voltou a se desculpar, dessa vez
em público e diretamente às
mães dos três jovens, reunidas
em uma praça. Na saída, ouviu
gritos de "fora Exército".
"Estamos afirmando a desculpa que pessoalmente já manifestamos. Nosso pesar pelo
acontecimento e mostrando
claramente que isso não vai se
repetir", disse, após a reunião
com representantes locais.
No encontro, Jobim disse
que as obras do projeto batizado de Cimento Social, de recuperação das fachadas de 782 casas, continuará. Disse ainda
que o Exército permanecerá na
comunidade, como previsto.
Desde o início das obras, planejadas pelo Batalhão de Engenharia do Exército, tropas dão
segurança aos operários das firmas contratadas.
No sábado, ao amanhecer,
David Wilson da Silva, 24, Wellington Gonzaga Ferreira, 19, e
Marcos Paulo Campos, 17, foram detidos por militares no alto da favela, acusados de desacato. No quartel, o capitão que
comandava a tropa naquele
momento decidiu não autuá-los e determinou ao tenente Vinícius Ghidetti de Moraes Andrade, 25, que os liberasse.
O tenente descumpriu a ordem. Levou os rapazes até a Mineira, favela controlada pela
facção criminosa ADA (Amigo
dos Amigos), adversária do CV
(Comando Vermelho), que
atua no Providência. Ao ser
preso, ele disse que agiu dessa
forma para que os traficantes
dessem uma surra nos jovens.
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