|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
3 dias após crime, polícia não busca pelos criminosos
RAPHAEL GOMIDE
DENISE MENCHEN
DA SUCURSAL DO RIO
Três dias após o assassinato
de três jovens do morro da Providência, atribuído a traficantes do vizinho morro da Mineira, não houve nem sequer perícia ou exame de local, procedimento técnico obrigatório para
tentar identificar onde os rapazes teriam sido mortos.
Até o início da noite de ontem, nem a Polícia Militar nem
a Civil haviam feito investida
na favela para tentar prender
traficantes da Mineira, que são
apontados pela polícia como
assassinos. Ninguém da favela
foi preso ou formalmente
apontado pelo crime.
A Secretaria da Segurança informou ontem que não havia
nenhuma operação em curso
ou prevista para a Mineira.
Por enquanto, a 4ª Delegacia
de Polícia focou suas ações na
investigação dos militares. A
reportagem ligou ontem à tarde para o delegado titular, Ricardo Dominguez Pereira, mas
seu celular estava com a caixa
postal cheia.
A Secretaria da Segurança informou que eventual ação na
favela ficará a cargo das delegacias especializadas. Um inspetor da 4ª DP confirmou ontem
à Folha que não houvera ação
na favela nem havia previsão.
Moradores relataram que de
10 a 30 criminosos -o número
varia conforme o grupo de testemunhas- receberam os jovens da Providência das mãos
dos militares. Em seguida, os
traficantes teriam comandado
uma sessão de torturas, com
paulada, socos e chutes.
Os três foram mortos a tiros,
supostamente com a anuência
do chefe do tráfico local, Rogério Rios Mosqueira, o Ropinol
ou Macaé. Dois dos mortos tinham passagem pela polícia.
Na manhã de ontem, o clima
na Mineira era de aparente
tranqüilidade. Sem policiais
em patrulhamento ostensivo, a
manhã foi calma na rua Emília
Guimarães, principal acesso à
comunidade, por onde moradores dizem ter visto passar o
caminhão do Exército com os
três moradores da favela rival
na manhã de sábado.
Nas proximidades do morro,
a maioria dos camelôs e feirantes evitava comentar os episódios do fim de semana.
Texto Anterior: Tenente não sabia que jovens seriam mortos, diz defesa Próximo Texto: Governo brinca com militares, diz pesquisadora Índice
|