São Paulo, quarta-feira, 18 de junho de 2008

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Laudo do IC contesta tese do HC sobre incêndio

Documento do Instituto de Criminalística derruba tese de direção do hospital e contradiz conclusão do IPT

DA REPORTAGEM LOCAL

O laudo do IC (Instituto de Criminalística) sobre o incêndio ocorrido no Hospital das Clínicas de São Paulo na noite de Natal diverge da principal conclusão apontada pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e derruba a principal tese da direção do HC: de ter sido provocado pela tentativa de furto de cabos elétricos.
A investigação do IC é a principal base da Polícia Civil para apontar eventuais culpados pelo acidente. O laudo do IPT é considerado complementar porque foi pago pelo HC e, ainda, porque a competência legal para a investigação é do Instituto de Criminalística.
De acordo os peritos da Polícia Científica, uma das hipóteses mais prováveis para o incêndio é a "ocorrência de fenômeno termoelétrico", ou um superaquecimento dos fios.
"O fenômeno termoelétrico pode ter sido um superaquecimento provocado por uma corrente além do que ela suporta", disse o engenheiro eletricista Victor Vasconcelos, do Instituto de Engenharia de São Paulo.
O peritos não apontam o que provocou o fenômeno. Segundo Vasconcelos, ele pode ser provocado por uma série de fatores, como a fiação inadequada para determinada rede. "Eles [os peritos] não apontam porque não deveriam ter dados para poder afirmar", disse o engenheiro. A Polícia Científica diz que a fiação do HC "indicava o envelhecimento dos cabos, com o conseqüente comprometimento das propriedades mecânicas e isolantes".
Os laudos do IC e IPT convergem, porém, em algumas coisas: não afirmam se o incêndio foi acidental ou criminoso e, ainda, que pode ter sido provocado por uma fonte de calor, como uma ponta de cigarro.
O Hospital das Clínicas foi procurado, mas não quis se manifestar. Ele informou que não havia recebido o laudo e, por isso, não poderia comentá-lo.

Vago
O Ministério Público deve convidar na próxima semana os peritos para pedir explicações por considerar vaga a conclusão. "O IC [Instituto de Criminalística] invoca uma causa externa, e causa externa pode ser qualquer coisa: alguém que jogou fogo, uma bituca de cigarro, mas pode ser um "fenômeno termoelétrico". Pode ser até a questão do vapor, mas eles não fecharam, deixaram muito aberto", disse o promotor José Carlos Freitas (Habitação).
Procurado por meio da Secretaria da Segurança Pública, o IC também não quis comentar o assunto.
(ROGÉRIO PAGNAN)

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