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ENTREVISTA
Plano deve monitorar 9 milhões de hipertensos
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Sociedades médicas e o Ministério da Saúde estão desencadeando um cerco ao paciente hipertenso. Em um ano, um programa
nacional espera estar monitorando pelo menos 9 milhões de hipertensos, acompanhando os níveis de pressão e o uso adequado
da medicação. Pelos estudos, o
país tem cerca de 30 milhões de
pessoas com a pressão elevada.
Pesquisa coordenada pelo cardiologista Flávio Fuchs, da Universidade Federal do Rio do
Grande do Sul, revelou que 35%
da população de Porto Alegre
com 18 anos ou mais são hipertensos (têm pressão igual ou acima de 14 por 9).
Desses, 44% não sabiam da
doença. Dos que sabiam, 22% não
faziam tratamento algum. E, mesmo no universo dos que se tratam, apenas 36% tinham a pressão controlada.
Maior rigor
Fuchs presidiu o 11º Congresso
Brasileiro de Hipertensão, realizado neste mês na capital gaúcha.
O documento divulgado pelas
várias sociedades médicas estabelece maior rigor nos níveis de
pressão ("quanto mais baixa, melhor"), sugerindo que pessoas
com 13,5 por 8,5 façam reavaliações anuais e que aquelas com 14
por 9 procurem o médico a cada
seis meses.
"O Brasil não vem conseguindo
reduzir os número de infartos e
AVCs (derrames) no mesmo nível dos EUA", diz Décio Mion Jr.,
especialista do Hospital das Clínicas da USP.
"A detecção e o tratamento da
pressão alta vem reunindo sociedades médicas e governo", afirma
o cardiologista Carlos Alberto
Machado, coordenador do Plano
de Reorganização da Atenção à
Hipertensão Arterial e ao Diabetes Melitus do Ministério
da Saúde.
Folha - Como o plano pode controlar a pressão das pessoas?
Carlos Alberto Machado - Um
dos desafios do plano é manter as
pessoas em tratamento. Um banco de dados, o Hiper-Dia, com informações acopladas ao Cartão
SUS, vai permitir saber quantos
hipertensos e diabéticos existem
no Brasil. Profissionais dos postos
de saúde controlarão a saúde e a
medicação desses pacientes.
Folha - Quantos pacientes entrarão nessa rede?
Machado - No período de um
ano, a partir de agora, 9 milhões
de novos pacientes passarão a ser
monitorados por esse sistema. Esse total significa um terço do total
estimado de hipertensos do país.
O plano, iniciado em 2002, começou a capacitação de 20 mil
profissionais como multiplicadores. Avaliações feitas até agora
mostraram que o plano vai bem
nos municípios menores, onde há
o Programa Saúde da Família.
Nos grandes centros, não vai tão
bem assim.
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