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CLÁUDIO PERANI (1932-2008)
Um jesuíta que vibrava pelo Atalanta
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Estava selado o destino do
menino que, desde os castos
tempos em Bergamo, Itália,
"sempre quis ser jesuíta". A
família se opôs, pois antevia
no filho "inteligentíssimo" o
sucesso de uma carreira liberal. E Cláudio Perani aquiesceu, até os 21 -"quando saiu
de casa, sem lenço e sem documento, para o noviciado."
Padre mesmo, se ordenou
em São Leopoldo (RS). Mas
foi em Salvador, desde 1968,
que ganhou sua verve popular, ao fundar os "Cadernos
do CEAS", polêmica revista
onde escrevia sobre "os direitos das classes trabalhadoras" e onde arrumou briga
com a arquidiocese, conta o
padre amigo, pelo artigo sobre o suposto patrocínio de
Antônio Carlos Magalhães à
visita do papa ao Brasil.
Até ir para Manaus "trabalhar com os mais marginalizados, os ribeirinhos, os favelados, os índios" e criar a
"equipe itinerante" o bastante para viajar, mata adentro,
pelos igarapés, a "ressuscitar
lideranças". Sem falar da cartilha que fez sobre as eleições
-era um "lutador contra políticos corruptos."
Morreu dia oito, de câncer,
aos 76, o incansável padre
Perani, que "vivia entre o povo e comia espetinhos na beira da estrada", homem simples, de pouco querer, cujo
único luxo era ser "fanático"
pelo Atalanta de Bergamo.
Via os jogos na TV a cabo.
"Não perdia um", diz o
amigo, rindo. Claro, "tinha
hobbies mais úteis à humanidade", diz, pigarreando.
como escolas de reforço na
periferia. Mas a paixão pelo
Atalanta, não adianta, ficou
na memória da paróquia.
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