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SEGURANÇA
É injusto atribuir somente à unidade a redução ou o aumento da criminalidade, diz Alberto Silveira Rodrigues
Comandante da PM critica "Rota nas ruas"
DA REPORTAGEM LOCAL
O comandante da Polícia Militar de São Paulo, o coronel Alberto Silveira Rodrigues, critica o uso
da expressão "colocar a Rota nas
ruas" em período eleitoral.
"É uma afirmativa que deve ser
mais bem discutida com quem a
faz. Qual é o significado disso?
Não sei o que significa", diz o coronel, que comandou a Rota de 96
a 99, ao afirmar que a PM está na
rua trabalhando pela segurança.
Segundo ele, quem mais sofre
com a frase são os policiais da unidade, "que devem se sentir extremamente magoados e sentidos,
pouco reconhecidos pelo grande
serviço que prestam".
Um dos pré-candidatos ao governo do Estado que citam com
frequência a expressão é Paulo
Maluf (PPB), que já a utilizou
quando se candidatou a prefeito
de São Paulo em 2000 -cargo no
qual não teria competência nenhuma sobre a PM.
Mas surpresa mesmo ocorreu
em janeiro deste ano, quando o
pré-candidato do PT, José Genoino, disse à Folha que "uma política de direitos humanos não deve
impedir a Rota de agir com força e
energia", causando uma avalanche de críticas dentro do partido.
Por fim, o próprio governador
Geraldo Alckmin (PSDB), que
também disputará a vaga, apareceu na TV reproduzindo a expressão "é Rota nas ruas", no programa do partido exibido no dia 6.
"Eu não acho adequada essa colocação, essa posição. Não importa quem a faz, se para elogiar ou
para criticar", afirma o coronel.
Rodrigues diz que os batalhões
de área, não a Rota, são os responsáveis pelo policiamento 24 horas
das ruas. O grupo de elite fica no
apoio, como auxílio para eles. Isso
porque a Rota possui escala diferenciada de trabalho, concentrada em horários críticos de violência: das 7h às 4h.
"Seria tremendamente injusto
creditar apenas à Rota a responsabilidade pelo aumento ou redução da criminalidade", afirma.
Guerra
Desde o início do ano, as polícias Civil e Militar têm sido mais
expostas em ações. Isso porque,
após a morte de Celso Daniel, prefeito de Santo André, o governador Alckmin declarou estar em
"guerra contra o crime".
O que se viu em seguida foram
operações em massa na periferia
da capital e na região de Campinas, onde também houve desgaste ao governo por causa da morte
do prefeito Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT.
Nos três primeiros meses do
ano, período da suposta guerra,
os casos de sequestros cresceram
168% e os homicídios caíram 8%
em relação aos meses de janeiro,
fevereiro e março de 2001.
O mesmo balanço estatístico
mostra que a polícia matou mais
este ano, comparando-se os primeiros trimestres de 2000 e 2001.
O número de civis mortos em
confronto com policiais militares,
cuja tropa tem hoje 84 mil homens, cresceu 46% nesse período
(de 95 para 139 mortes). De um
ano para o outro, o contingente
da PM aumentou 1,2% -cerca de
mil policiais.
Para o comando da corporação,
as mortes ocorreram por causa do
aumento da presença policial nas
ruas. "Não nos ensinam na academia a ser chefes para matar", disse
o comandante da PM.
A Folha tentou entrevistar o
atual ouvidor, Fermino Fecchio
Filho, durante a semana, para que
ele se manifestasse sobre o número de civis mortos pela polícia,
mas ele não respondeu às ligações
e aos recados deixados com sua
assessoria.
(ALESSANDRO SILVA)
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