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COMPORTAMENTO
Consultores dizem que o profissional deve ter muita disciplina e uma pitada de rebeldia para se destacar
Sucesso de "barrichello" ou "romário" depende da profissão
DA REVISTA
Nas últimas semanas, dois
eventos esportivos monopolizaram as discussões no país: primeiro, a não-convocação do rebelde
Romário para a Copa do Mundo
e, no domingo passado, a derrota
deliberada do obediente Rubens
Barrichello.
Além de alimentar as mesas-redondas de esportes do domingo à
noite, as celeumas colocam em
evidência dois perfis de "trabalhadores" aparentemente opostos e
lançam a pergunta: o que é mais
valorizado hoje no mercado?
A primeira reação dos consultores é, diferentemente da maioria
da população, valorizar a freada
de Barrichello. "Ele foi racional e
extremamente estratégico naquela situação. A empresa pode contar com ele, mesmo que, ao fazer
isso, tenha sacrificado projetos
pessoais", analisa Thomas Case,
presidente do grupo Catho.
Ricardo de Almeida Prado Xavier, presidente da Manager Assessoria em Recursos Humanos,
concorda: "Barrichello foi inteligente e agressivo ao segurar a vitória até a última volta, deixando
claro que estava cumprindo ordens. Agressividade tem mais a
ver com usar bem as oportunidades do que com simplesmente tomar determinadas atitudes".
Segundo os especialistas, um
profissional "romário" marca
muitos gols, mas seus defeitos
costumam encobrir suas proezas.
É o tipo de empregado que falta
aos "treinos" (odeia programas
de qualidade, por exemplo), dá
mau exemplo ao resto da equipe e
não costuma "suar a camisa".
Na hora de contratar, um empregador vai sempre pesar as dificuldades de trabalhar com um
"gênio indomável" desses. Em
pesquisa feita pela consultoria
Anthropos Consulting, 75% dos
entrevistados disseram que não
gostariam de ter um "romário"
como subordinado. Mas esse
mesmo percentual respondeu
que gostaria de ter um "romário"
na empresa -provavelmente em
outro departamento.
A aparente contradição mostra
que, apesar de todos os problemas, o talento, a criatividade e a
capacidade de assumir riscos de
um craque não podem ser totalmente dispensados. Marins diz
que os "romários" podem ganhar
bem, mas serão preteridos nas
"convocações", que, no mundo
empresarial, são as promoções na
carreira. "Eles representam uma
ameaça ao espírito de equipe."
Cabeça no lugar
É exatamente esse "team work"
um dos pontos fortes de Pedro
Goyn, 31, diretor de soluções e-business da Siemens, apontado
como um dos 20 CEOs (chief executive officer) do futuro em uma
seleção feita pela revista "Você
S.A." em 2001. "Dentro de uma
empresa, todos têm que dançar
conforme a música. Quem chega
derrubando tudo cria um temor
nos que estão ao redor", diz Goyn.
Ele afirma ter qualidades de "romários" e "barrichellos".
Quando se está à frente dos negócios, fica mais fácil liberar o lado "romário". O empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade,
58, dono da rede de concessionárias de automóveis Caoa, é um representante típico do time daqueles que não têm medo de ousar.
As idéias de Andrade, que em 23
anos tornou-se o maior revendedor Ford do Brasil (além de representar as marcas Subaru e Hyundai), são sempre "exuberantes".
Ele reconhece que se arrisca, mas
diz que faz parte do jogo. "Tem
gente que dribla direitinho, mas
não marca gol", compara.
Como empregador, Andrade
valoriza a ousadia, mas diz que "o
sujeito não pode ser "romário" demais". "Evito estrelas na minha
equipe porque elas são muito independentes. Um time tem de ser
comandado por apenas uma pessoa, senão perde-se o controle."
"O sucesso de um "romário" e de
um "barrichello" depende da área
em que trabalha. Há profissões
que permitem o desenvolvimento
das estrelas. Em outras, o sucesso
só é obtido com participação, planejamento e decisões em conjunto", diz Felipe Assumpção, presidente no Brasil da Spencer Stuart,
uma das mais importantes empresas de recolocação de executivos do mundo. Perfis opostos,
Romário arriscou, ficou fora da
Copa, mas tem grande parte da
opinião pública ao seu lado. Barrichello, mais cauteloso, evitou a
vitória para não desobedecer a
decisão da Ferrari e provocou a
primeira vaia de um pódio na F-1.
Escolha o baixinho certo para torcer aos domingos e outro para incorporar durante a semana.
Leia a reportagem completa no site da
Revista: www.uol.com.br/revista
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