São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2008

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JOSÉ GRANADEIRO GUIMARÃES (1916-2008)

Um pioneiro do direito do trabalho

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Foi um dia para a história. O filho e o neto de José Granadeiro Guimarães se espremeram com ele e o quadro do avô para o retrato que, tivesse ali a foto do pai, seria a síntese de cinco gerações de advogados saídos da faculdade do Largo São Francisco.
Sua geração era a terceira e 39ª a turma, a mesma de Jânio Quadros e outros solenes. Dizia, com ácido humor, temer ser o último -em cada jantar da turma havia menos gente. "Na última vez fiquei com receio de ir sozinho."
Foram dias boêmios os do Largo São Francisco, em que dividia sanduíches com o inventor do Bauru e até serenata fez no Ponto Chic, reduto das Arcadas -ele no violão e Francisco Alves no gogó.
Em 1941 abriu um escritório trabalhista quando tais questões ficavam fora do Judiciário. Mesmo com os tribunais do trabalho instituídos (dizia ter visto a primeira audiência das juntas especiais), "tinha juiz que nem sabia o que era a CLT e lhe pedia o livrinho", diz o neto.
Chamado a ser ministro do TST, não quis -abrira o escritório da praça Ramos de Azevedo para os três filhos, advogados; que serviria aos três netos (dois deles advogados) e quem sabe ao três bisnetos. Lá colecionou clientes como a Folha.
Galante, era ver uma mulher e beijar-lhe a mão, fosse no escritório, onde trabalhava todo dia, fosse no tribunal, onde fazia sustentações orais -a bengala em punho. "Houve um tempo em que era só charme", dizia. Casado, morreu ontem, aos 92, de falência múltipla dos órgãos.


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