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JOSÉ GRANADEIRO GUIMARÃES (1916-2008)
Um pioneiro do direito do trabalho
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi um dia para a história.
O filho e o neto de José Granadeiro Guimarães se espremeram com ele e o quadro do
avô para o retrato que, tivesse ali a foto do pai, seria a síntese de cinco gerações de advogados saídos da faculdade
do Largo São Francisco.
Sua geração era a terceira e
39ª a turma, a mesma de Jânio Quadros e outros solenes. Dizia, com ácido humor,
temer ser o último -em cada
jantar da turma havia menos
gente. "Na última vez fiquei
com receio de ir sozinho."
Foram dias boêmios os do
Largo São Francisco, em que
dividia sanduíches com o inventor do Bauru e até serenata fez no Ponto Chic, reduto das Arcadas -ele no violão
e Francisco Alves no gogó.
Em 1941 abriu um escritório trabalhista quando tais
questões ficavam fora do Judiciário. Mesmo com os tribunais do trabalho instituídos (dizia ter visto a primeira
audiência das juntas especiais), "tinha juiz que nem
sabia o que era a CLT e lhe
pedia o livrinho", diz o neto.
Chamado a ser ministro do
TST, não quis -abrira o escritório da praça Ramos de
Azevedo para os três filhos,
advogados; que serviria aos
três netos (dois deles advogados) e quem sabe ao três
bisnetos. Lá colecionou
clientes como a Folha.
Galante, era ver uma mulher e beijar-lhe a mão, fosse
no escritório, onde trabalhava todo dia, fosse no tribunal, onde fazia sustentações
orais -a bengala em punho.
"Houve um tempo em que
era só charme", dizia. Casado, morreu ontem, aos 92, de
falência múltipla dos órgãos.
obituario@folhasp.com.br
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