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Depois de incêndio, teatro corre risco de desabamento
Duas paredes do teatro Cultura Artística estão com rachaduras, afirma perito
Ontem, a temperatura na área atingida pelo fogo no domingo permanecia alta, entre 50C e 60C; prédio foi interditado pela Defesa Civil
Danilo Verpa/Folha Imagem
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Teatro Cultura Artística, destruído parcialmente por incêndio
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
O teatro Cultura Artística,
destruído parcialmente por um
incêndio na madrugada de domingo, apresenta risco de desabamento, segundo o perito Ivo
Valentini, do núcleo de engenharia do IC (Instituto de Criminalística) da Polícia Técnico-Científica. Ontem de manhã
ele vistoriou o prédio, no centro de São Paulo, que havia sido
interditado pela Defesa Civil.
Valentini afirmou que as paredes laterais do que restou do
palco da sala Esther Mesquita
podem vir abaixo -exceto a
que tem o mosaico de Di Cavalcanti. Segundo o perito, mesmo
com a quantidade de água que
os bombeiros usaram -quase
300 mil litros-, as paredes, que
têm de 10 a 12 metros de altura,
ainda permaneciam muito
quentes ontem -50C a 60C.
O problema é quando elas
resfriarem, diz o engenheiro.
De acordo com ele, o resfriamento da parede, que já está
com rachaduras, poderá aumentar o número de fissuras,
causando um desabamento.
"Têm áreas de risco iminente. O risco é de desabamento
principalmente na área do palco, que foi atacada por uma
temperatura absurda. As paredes são altas e correm o risco de
desabar", disse o perito.
O incêndio destruiu a sala
Esther Mesquita, a principal do
teatro fundado em 1950, localizada no segundo andar. As chamas consumiram cadeiras, estofados, madeira, cortinas, cenários, roupas e estruturas metálicas de sustentação.
Segundo o técnico do IC, a
temperatura no local chegou a
800C. Com isso, os pilares de
metal que sustentavam o teto
ficaram retorcidos e o telhado
de aproximadamente 3.000
metros quadrados caiu sobre a
platéia de 1.156 lugares. Ninguém ficou ferido.
Valentini disse que, a princípio, os imóveis vizinhos não
correm o risco de serem atingidos em caso de desabamento.
Caso venham a ruir, os muros
cairiam para dentro do que era
a sala Esther Mesquita, disse.
O engenheiro Henry Pickard,
da Defesa Civil da Subprefeitura da Sé, disse que o prédio foi
oficialmente interditado ontem até que os responsáveis pelo teatro apresentem um laudo
técnico de alguma empresa,
mesmo privada, para reforma
ou demolição do espaço.
O laudo, que vai apontar as
causas do incêndio, tem prazo
de 30 dias para ser concluído.
Gérald Perret, superintendente da Sociedade de Cultura
Artística, que gerencia o teatro,
afirmou ontem que a intenção é
recuperar o prédio, avaliado em
R$ 4 milhões. Mas, segundo ele,
o valor do seguro -em torno de
R$ 4 milhões- não será suficiente para a reforma. "Precisamos da ajuda da sociedade."
Segundo Perret, o teatro ainda não conseguiu calcular o
prejuízo que teve com o incêndio. "Além de perdermos os espetáculos, vamos procurar emprego para 50 funcionários da
nossa limpeza e manutenção."
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