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MATTEO DANILO GRIMALDI (1926-2008)
O banco mantinha "seu Cachimbo" aceso
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Por anos manteve pendurado na boca o aparato que
lhe deu, entre os amigos, o
apelido de "seu Cachimbo".
Ganhou não só a alcunha, como também um pigarro insistente que logo preocupou
o filho. Levado ao otorrinolaringologista, constatou-se
um câncer na garganta.
No último ano, Matteo Danilo Grimaldi travou luta ferrenha contra a doença. Chegou, ao final da batalha, aos
56 kg. De início, pesava 84 kg.
O pai, Attilio Grimaldi, ex-zagueiro do Palestra Itália de
1916 a 1924, presenteou-lhe
com o nome do avô, mas não
passou adiante o dom para o
futebol. Matteo foi contador.
Começou como mensageiro (office-boy) no Banco Auxiliar, em 1942. Três anos depois, formou-se numa escola
técnica de contadores chamada Brasil. Nos 43 anos em
que trabalhou no banco, chegou a diretor da empresa.
Foi ainda vice-cônsul de
Senegal no Brasil, como lembra o filho. Dizia que, naquele país, era costume atirar
objetos nos estrangeiros com
o objetivo de vendê-los. Certa vez, enfrentou uma chuva
de galinhas. Não as comprou.
Em 1983, perdeu um filho
assassinado. Em 1985, às vésperas do Plano Cruzado, o
banco Auxiliar foi liquidado.
Com uma magra aposentadoria -diz o filho-, e tendo
que se desfazer dos bens para
pagar as contas -como o sítio em Valinhos (SP), que
amava-, caiu em depressão.
Morreu na sexta-feira,
derrotado pelo câncer, aos
81, em São Paulo. Deixou
dois filhos e quatro netos.
obituario@folhasp.com.br
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