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Técnico perde sobrinha e cunhada
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O técnico em eletrônica Gersino Dutra Flaviano, 51, viajou de
Belo Horizonte para Cabo Frio
para passar o feriado da Semana
Santa com 13 parentes e dois amigos. Ele estava no barco que adernou ontem na maior cidade da
Região dos Lagos e conseguiu se
salvar. Mas sua sobrinha Joyce
dos Santos Dutra, 5, e sua cunhada Magna de Fátima dos Santos
Dutra, 38, morreram.
"A sensação é muito ruim, você
se sente impotente, as pessoas
tentam se salvar, te agarram, você
tenta salvar alguém e não consegue, mesmo sabendo que tem familiares", disse ele.
Sua maior preocupação, quando o barco virou, era salvar as três
netas, duas de seis e uma de cinco
anos, explicou. Flaviano disse ter
ficado transtornado por estar no
mar vendo pessoas se afogando
sem que ele pudesse ajudá-las.
Ele disse que o acidente foi logo
após o grupo haver parado para
dar um mergulho na ilha do Papagaio. "Assim que o barco foi
sair, quando fez a primeira curva
à esquerda, o barco tombou. Provavelmente uma onda bateu nele,
as pessoas todas tombaram para
um lado. O barco virou e prendeu
as pessoas embaixo dele", disse.
Flaviano disse que estava muito
preocupado com o irmão, pai de
Joyce: "Ele ficou sozinho, sem a
mulher e sem a filha mais velha,
só ele e uma menina de um ano".
Já a estudante Juliana Garcia
disse que os responsáveis pelo
barco só deixaram os passageiros
que iriam mergulhar usar o colete
salva-vidas. O cara proibiu [o uso
do colete" quem não ia entrar na
água. Depois disso, tinha de guardar o colete." Chorando muito,
ela ainda contou que outros barcos passaram por eles, mas não
prestaram socorro.
Na porta do IML, Eduardo
Duerrato, 15, estava transtornado.
Ele contou que quando o barco
virou estava com a mãe, Sílvia, e a
avó. A mãe desmaiou. Ele a abraçou e a manteve na superfície até
serem resgatados por um barco
particular. A mãe, ainda com problemas respiratórios, foi removida para o hospital Miguel Couto,
no Rio, por helicóptero da Defesa
Civil. Eduardo não viu mais a avó.
O acidente provocou uma comoção em Cabo Frio. As pessoas
estavam desorientadas e buscavam informações sobre desaparecidos. O barco adernado foi rebocado para as proximidades da
praia do Forte e virou, no final da
tarde de ontem, uma atração para
os habitantes e turistas.
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