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DROGAS
O objetivo é ampliar o atendimento aos usuários de drogas e de álcool, privilegiando a orientação de redução de danos
Governo quer mais 78 centros neste ano
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com uma proposta de usar práticas terapêuticas que envolvam a
sociedade e os gestores de saúde,
o governo federal pretende implantar neste ano 78 novos CAPs
(Centros de Atenção Psicossocial
para Álcool e Drogas), cujo objetivo é prestar atendimento diário
aos usuários de drogas e álcool,
privilegiando a redução de danos.
Apesar de não divulgar o valor,
o Ministério da Saúde diz que os
recursos para a expansão e manutenção da rede estão garantidos
para cumprir a meta de ter um total de 120 CAPs em cidades com
população igual ou superior a 200
mil habitantes até o fim do ano.
Em São Paulo, onde há oito
CAPs na rede municipal, a prefeitura estima que seriam necessários um total de 39 -um para cada distrito de saúde.
Com a política que o Ministério
da Saúde está implantando para a
atenção a consumidores de drogas e álcool, o que se pretende, em
linhas gerais, é: 1) descriminalizar
o usuário para que ele seja tratado
sob a ótica da saúde pública (e
não policial); 2) diminuir o estigma e o preconceito relativos ao
uso dessas substâncias por meio
de atividades educativas e 3) minimizar as consequências do uso,
aplicando a redução de danos.
Limites do usuário
"É preciso o debate com a sociedade e o setor legislativo em várias esferas para a otimização e a
construção de arcabouços legais
que amparem as ações necessárias. Descriminalizar uma conduta está longe de, necessariamente,
significar uma ausência de qualquer controle sobre ela. Significa
apenas afastar uma das formas
pelas quais se exerce o controle
social de condutas sem invadir o
âmbito da liberdade individual",
diz documento do ministério.
"Valorizamos o que o dependente consegue fazer", explica a
psicanalista Ana Rosa Moreira,
diretora de um CAPs da capital
paulista, ao falar da redução de
danos. Se o paciente deixa o crack
mas ainda usa maconha, o serviço
aceita a conduta -pois já houve
uma diminuição de riscos por
causa do tipo de droga- e respeita o tempo de recuperação.
Alguns serviços universitários
usam a abstinência como meta e
fazem testes, como o do bafômetro, para acompanhar o paciente.
"É complicado trabalhar com
redução de danos com um adolescente que bebe um litro de pinga por dia", explica a enfermeira
especialista em dependência química Márcia Fonsi, da Universidade Federal de São Paulo.
Especialistas concordam que o
governo deverá ofertar no futuro
uma gama de tratamentos. A Prefeitura de São Paulo informa que
está capacitando equipes do Programa Saúde da Família para
atender usuários.(LUCIANA CONSTANTINO e FABIANE LEITE)
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