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SAÚDE
Com a chegada do inverno, médicos recomendam evitar variação térmica e exercícios em locais poluídos
Ar frio e seco eleva casos de infecções
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Rinite, sinusite, faringite, laringite, bronquite, traqueíte. O inverno tem início oficial hoje à noite, mas a temporada das "ites" já
começou. Consultórios e ambulatórios médicos estão lotados de
vítimas de inflamações típicas do
tempo frio, poluído e seco.
Em geral, são as gripes e resfriados que fazem com que os vírus e
as bactérias se instalem no aparelho respiratório e, a partir dali,
disparem infecções para diferentes destinos, do nariz aos pulmões, das amídalas aos ouvidos.
A previsão dos médicos é que o
número de casos dessas "ites" aumente 50% neste período.
Além do clima seco do inverno
-que dificulta a dispersão dos
poluentes-, é cada vez mais freqüente o aquecimento de ambientes internos, o que também
deixa o ar mais seco e, muitas vezes, poluído por alérgenos (agentes capazes de produzir alergia),
como poeira, pêlos de animais,
fumaça de cigarro, entre outros.
"É a trinca maldita: ar seco, frio
e poluído", define o pneumologista Clystenes Soares Silva, coordenador do pronto-atendimento
de pneumologia do Hospital São
Paulo, da Unifesp (Universidade
Federal de São Paulo). O ar seco
impede que o catarro seja fluído e
expelido. Ao ficar espesso e preso,
favorece as infecções.
A inalação de poluentes também altera as funções protetoras
da mucosa e dos cílios nasais, encarregados de impedir a entrada
da sujeira. Com o comprometimento desses mecanismos, bactérias e vírus penetram mais facilmente pelas vias respiratórias.
Uma das recomendações médicas é evitar a prática de exercícios
físicos em locais poluídos ou em
lugares fechados onde há pessoas
gripadas. Durante os exercícios, a
pessoa inala mais ar e, com ele,
maior carga de poluentes.
"A associação de ar frio e ar poluído irrita a mucosa nasal, o que
propicia as inflamações", diz Hélio Romaldini, pneumologista do
hospital Albert Einstein e professor da Unifesp.
A dona-de-casa Yara Thum, 57,
conhece esse risco, mas prefere
corrê-lo a parar com as caminhadas na avenida Sumaré (zona oeste de São Paulo).
"Não é o lugar ideal, mas é o que
eu tenho perto de casa. Acho melhor do que ir a uma academia.
Caminho há quase 20 anos e nunca peguei uma gripe", disse ela.
A variação térmica -sair de
um ambiente frio e entrar em outro quente ou vice-versa- também pode agravar os sintomas em
pessoas que já tenham uma doença respiratória crônica. No Brasil,
estima-se que 10% da população
tenha asma. E 15% dos fumantes
sofrem de DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica), a quinta
maior causa de mortalidade.
Segundo Silva, nos últimos três
meses houve um aumento de 35%
de consultas por doenças respiratórias, em relação ao período de
verão, no ambulatório que coordena. Ele alerta que as pessoas
com doenças crônicas precisam,
sob orientação médica, ajustar a
medicação à condição climática.
"O paciente que não controla a
doença sofre mais", diz.
O pneumologista Romaldini
afirma que desde março está
ocorrendo um aumento dos casos
de rinossinusites (inflamação do
nariz). "Muitas dessas pessoas
nem tinham um problema respiratório anterior associado."
As crianças tendem a ser mais
atingidas em razão da falta de maturidade do sistema imunológico,
que as deixa mais sensíveis a
doenças e alergias, afirma o otorrinolaringologista Renato Abissamra, do Hospital Sírio Libanês.
Ele diz que o público infantil e
adulto jovem tem sido mais vitimado pelas gripes do que o idoso,
que nos últimos seis anos vem
sendo imunizado em campanhas
públicas de vacinação.
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