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TRÂNSITO
Motorização em Curitiba, Goiânia, Florianópolis e Jundiaí ultrapassa à da capital paulista, que tem a maior frota do país
Capitais e cidades do interior superam SP
DA REPORTAGEM LOCAL
No ranking de motorização feito pela Folha, que abrange municípios com população acima de 100 mil habitantes, os índices de São Caetano do Sul superam, de
longe, os do segundo lugar.
Pela base de dados do Denatran, que envolve todos os Estados, São
Paulo aparece apenas na 19ª posição, com 2,48 habitantes por veículo, atrás do município do ABC (1,62), das capitais Curitiba (2,05), Goiânia (2,15) e Florianópolis (2,22) e de cidades paulistas como Jundiaí (2,18) e Catanduva (2,19).
Pelos dados do Detran-SP, restritos a São Paulo e que também
englobam os veículos mais antigos (com placas de duas letras e
que, muitas vezes, não estão mais
circulando), a capital paulista
aparece em quarto lugar, com 1,88
habitante por veículo, atrás de São
Caetano do Sul (1,22), Jundiaí
(1,83) e Santos (1,85).
Esses índices, que se aproximam dos de países desenvolvidos, levam a média brasileira a 4,8
habitantes por veículo -embora
haja municípios, como São José
do Ribamar (MA), com patamar
acima de 60. Se forem descontados motos, tratores e reboques, a
média brasileira é de um carro para 5,9 moradores -embora a indústria automotiva avalie que, pela frota circulante, seja de 8,8.
A quantidade de veículos no
Brasil (35,5 milhões, segundo a
base do Denatran) é motivo de
disputa entre as montadoras e os
especialistas em transporte.
Para a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), a proporção
ainda é muito pequena -apesar
dos congestionamentos nas principais capitais. Já os especialistas
condenam a tentativa de expansão do transporte individual.
"É preciso combater a utilização
indiscriminada do carro. É uma
opção muito mais cara, que prejudica a sociedade", afirma Cristina
Baddini, diretora-executiva-adjunta da ANTP (Associação Nacional de Transportes Públicos).
"O motorista ainda acredita que
seu carro é a extensão do corpo.
Se alguém tenta adotar uma medida de restrição veicular, ele reclama do direito de ir e vir", diz.
Uma pesquisa atualizada pela
ANTP em 2000 mostrou que 19%
dos deslocamentos no país eram
feitos por carro e 29%, por transporte público. O restante das viagens se dividiam em a pé (44%),
de bicicleta (7%) e de moto (1%).
Em São Paulo, levantamentos
da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) indicam que a média de ocupantes por veículo durante a semana é de 1,2. O individualismo no trânsito refletiu-se
no fracasso da proposta de faixas
solidárias -exclusivas para veículos com dois ou mais ocupantes. Ela foi posta em prática em
1997 em oito vias (total de 12 km),
mas, sem adesão, sofreu cortes.
Além da poluição e dos congestionamentos, a segurança no
trânsito é um dos principais problemas da expansão do transporte individual. Um estudo do Ipea
estimou em R$ 5,3 bilhões as despesas com acidentes de trânsito
nos trechos urbanos do país.
"A educação do motorista não
cresceu como a frota. Para a sociedade, os acidentes ainda são vistos como uma fatalidade. É um
erro, porque todo acidente tem
uma causa, que pode estar no motorista, na via ou no veículo. Até
as auto-escolas costumam dizer
que se aprende a dirigir na prática, depois de tirar a habilitação. O
aprendizado na prática tem um
custo muito alto", afirma Cristina
Queiroga Rocha, da Abramet (Associação Brasileira de Medicina
de Tráfego). (ALENCAR IZIDORO)
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