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"Automóvel é sucesso, poder"
DA REPORTAGEM LOCAL
"O automóvel não é só um meio
de transporte. É um símbolo de
sucesso, prestígio, poder, liberdade. É um deus, um objeto de admiração. Não é aquilo que ele oferece objetivamente que mais importa, mas aquilo que ele representa no imaginário coletivo", diz
Álvaro de Aquino e Silva Gullo,
professor de ciências sociais da
Universidade de São Paulo, explicando a valorização do automóvel
na cultura brasileira.
Embora seja um fenômeno
mundial, a difusão do carro no
país, segundo especialistas, é reforçada ainda pela deficiência do
transporte público e até pelas características demográficas -por
ter uma população nova. "O jovem tem um fascínio por carro.
Quando eu tinha 15 anos, era minha paixão. Hoje minha filha de
21 anos tem carro e eu não. Não
sinto necessidade", conta Cristina
Queiroga Rocha, 46, da Abramet.
A diretora-executiva-adjunta
da ANTP, Cristina Baddini, diz
que, em sua tese de mestrado,
identificou diferenças na utilização do carro entre os sexos. "A relação do homem é de reforço da
masculinidade, de desafio. Na
mulher, é a ampliação do lar. Ela
quer levar os filhos para a escola,
os pais ao médico", explica.
"O fascínio pelo automóvel leva
a exageros. A maior ofensa a um
motorista é alguém encostar no
carro dele. O pedestre não tem esse mesmo valor", afirma Gullo.
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