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Para arquiteto, via deve manter "cara" da região
DA REPORTAGEM LOCAL
Além da reformulação urbana das ruas Oscar Freire,
João Cachoeira e 25 de Março, proprietários de estabelecimentos em outros sete
corredores comerciais já
procuraram a Prefeitura de
São Paulo em busca de parceria: ruas Augusta, Consolação, Santa Ifigênia, Cásper
Líbero, Gasômetro, São Caetano e José Paulino e avenida
Guilherme Cotching.
Esse tipo de intervenção
pontual -atendendo a interesses em princípio comerciais- é positivo para a cidade do ponto de vista urbanístico ou pode elevar ainda
mais os contrastes, opondo
o que será reformado ao que
permanecerá deteriorado?
Para o arquiteto e urbanista Gilberto Belleza, presidente da seção paulista do Instituto dos Arquitetos do Brasil, há pontos positivos e negativos: "Por um lado, o espaço urbano público melhora, mas, por outro, podem
surgir guetos na cidade. Essas ruas não devem perder a
identidade em relação à própria região em que estão".
A diferença entre projetos
de reurbanização de áreas
diferentes não é, no entanto,
uma preocupação para o
coordenador do projeto de
ruas comerciais da prefeitura, o também arquiteto
Mauro Scazufca. "Criar espaços que sejam diferentes,
com uma calçada com desenho forte, por exemplo, não
é problema. É preciso, porém, gerenciar as especificidades, para que, ao ser resolvida uma questão, não se
criem outras, como interceder de maneira problemática no trânsito", diz.
Para Hector Vigliecca, responsável pelos projetos da
Oscar Freire e da 25 de Março, é preciso haver mesmo
grande preocupação para
que cada bairro mantenha
suas características. Ele cita
como exemplo a vocação de
"mercado persa" da região
da 25 de Março, que deve ser
respeitada na reformulação.
"Deve-se estabelecer patamares de urbanidade de
acordo com a importância
de determinada área para o
restante da cidade. Por isso,
é necessário um pacto geral
de maneira que as iniciativas
não ocorram isoladamente,
que haja uma certa homogeneidade. Isso depende da capacidade de quem vai gerenciar as intervenções", afirma
Hector Vigliecca.
Para Gilberto Belleza, as
soluções não podem ser
adotadas de maneira isolada. "Já pensou você sair da
rua Oscar Freire toda arrumadinha e de repente entrar
na rua Augusta, deteriorada
daquele jeito?"
Para o arquiteto, que em
princípio é a favor da parceria com a iniciativa privada
como "reação da sociedade à
ausência da prefeitura", outro aspecto a ser observado é
a aplicação dos recursos públicos. "Isso tem que ser
muito bem avaliado. Por que
dar dinheiro para uma região e não para outra?" (LC)
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