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São Paulo, domingo, 20 de julho de 2003

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Para arquiteto, via deve manter "cara" da região

DA REPORTAGEM LOCAL

Além da reformulação urbana das ruas Oscar Freire, João Cachoeira e 25 de Março, proprietários de estabelecimentos em outros sete corredores comerciais já procuraram a Prefeitura de São Paulo em busca de parceria: ruas Augusta, Consolação, Santa Ifigênia, Cásper Líbero, Gasômetro, São Caetano e José Paulino e avenida Guilherme Cotching.
Esse tipo de intervenção pontual -atendendo a interesses em princípio comerciais- é positivo para a cidade do ponto de vista urbanístico ou pode elevar ainda mais os contrastes, opondo o que será reformado ao que permanecerá deteriorado?
Para o arquiteto e urbanista Gilberto Belleza, presidente da seção paulista do Instituto dos Arquitetos do Brasil, há pontos positivos e negativos: "Por um lado, o espaço urbano público melhora, mas, por outro, podem surgir guetos na cidade. Essas ruas não devem perder a identidade em relação à própria região em que estão".
A diferença entre projetos de reurbanização de áreas diferentes não é, no entanto, uma preocupação para o coordenador do projeto de ruas comerciais da prefeitura, o também arquiteto Mauro Scazufca. "Criar espaços que sejam diferentes, com uma calçada com desenho forte, por exemplo, não é problema. É preciso, porém, gerenciar as especificidades, para que, ao ser resolvida uma questão, não se criem outras, como interceder de maneira problemática no trânsito", diz.
Para Hector Vigliecca, responsável pelos projetos da Oscar Freire e da 25 de Março, é preciso haver mesmo grande preocupação para que cada bairro mantenha suas características. Ele cita como exemplo a vocação de "mercado persa" da região da 25 de Março, que deve ser respeitada na reformulação.
"Deve-se estabelecer patamares de urbanidade de acordo com a importância de determinada área para o restante da cidade. Por isso, é necessário um pacto geral de maneira que as iniciativas não ocorram isoladamente, que haja uma certa homogeneidade. Isso depende da capacidade de quem vai gerenciar as intervenções", afirma Hector Vigliecca.
Para Gilberto Belleza, as soluções não podem ser adotadas de maneira isolada. "Já pensou você sair da rua Oscar Freire toda arrumadinha e de repente entrar na rua Augusta, deteriorada daquele jeito?"
Para o arquiteto, que em princípio é a favor da parceria com a iniciativa privada como "reação da sociedade à ausência da prefeitura", outro aspecto a ser observado é a aplicação dos recursos públicos. "Isso tem que ser muito bem avaliado. Por que dar dinheiro para uma região e não para outra?" (LC)

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