São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

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IVO GASTALDONI (1918-2008)

A memória do piloto a bordo do avião

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Do teto do quarto de Ivo Gastaldoni pendem aviõezinhos militares, como os que, por toda a casa, dividem espaço com medalhas, flâmulas e fotografias. Assim mantinha contato com o mundo do ar -o mesmo que cristalizou em seu livro "Memórias de um Piloto de Patrulha", no título da segunda edição.
A primeira versão, "A última Guerra Romântica", também detalhava as ações da Segunda Guerra Mundial. Mas o nome mudou, diz o filho, porque "hoje a guerra deixou se der romântica".
Nasceu em Porto Alegre e formou-se piloto no Rio em 1939, quando eclodiu a guerra. Ele e o irmão eram tenentes, mas com destinos diferentes: Dante morreu com a queda de seu avião; Ivo tornou-se ícone da FAB em 1943, quando seu A-28 Hudson afundou um submarino inimigo perto de Aracaju.
Finda a guerra (depois de 652 horas e 25 minutos em operações de patrulha), ficou na FAB até ir para a reserva como major-brigadeiro. Dava então palestras e recebia, todo ano, os novos oficiais da base de Salvador, de onde partiu a famosa missão.
Casado, tinha seis filhos e 11 netos. Tinha câncer, "mas morreu de depressão", diz o filho. Aos 89, estava "35kg mais magro -lamentava que a mulher perdesse a memória para o mal de Alzheimer.
Logo ele, que vivia dela. "Vou perder a corrida, mas não vou perder a beleza do vôo", escreveu. "A tênue luz de miríades de estrelas continuará iluminando os caminhos. Aí, o aviador exclama: Deus existe!"

obituario@folhasp.com.br

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