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IVO GASTALDONI (1918-2008)
A memória do piloto a bordo do avião
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Do teto do quarto de Ivo
Gastaldoni pendem aviõezinhos militares, como os que,
por toda a casa, dividem espaço com medalhas, flâmulas e fotografias. Assim mantinha contato com o mundo
do ar -o mesmo que cristalizou em seu livro "Memórias
de um Piloto de Patrulha",
no título da segunda edição.
A primeira versão, "A última Guerra Romântica", também detalhava as ações da
Segunda Guerra Mundial.
Mas o nome mudou, diz o filho, porque "hoje a guerra
deixou se der romântica".
Nasceu em Porto Alegre e
formou-se piloto no Rio em
1939, quando eclodiu a guerra. Ele e o irmão eram tenentes, mas com destinos diferentes: Dante morreu com a
queda de seu avião; Ivo tornou-se ícone da FAB em
1943, quando seu A-28 Hudson afundou um submarino
inimigo perto de Aracaju.
Finda a guerra (depois de
652 horas e 25 minutos em
operações de patrulha), ficou
na FAB até ir para a reserva
como major-brigadeiro. Dava então palestras e recebia,
todo ano, os novos oficiais da
base de Salvador, de onde
partiu a famosa missão.
Casado, tinha seis filhos e
11 netos. Tinha câncer, "mas
morreu de depressão", diz o
filho. Aos 89, estava "35kg
mais magro -lamentava que
a mulher perdesse a memória para o mal de Alzheimer.
Logo ele, que vivia dela.
"Vou perder a corrida, mas
não vou perder a beleza do
vôo", escreveu. "A tênue luz
de miríades de estrelas continuará iluminando os caminhos. Aí, o aviador exclama:
Deus existe!"
obituario@folhasp.com.br
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