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Trem turístico vai reativar ligação SP-Paranapiacaba
Valor da passagem ainda não está definido, mas ficará abaixo de R$ 30; CPTM desativou trem diário a Paranapiacaba em 2002
Início deve ocorrer em setembro ou outubro; trajeto sairá da estação da Luz
RICARDO GALLO
DA REDAÇÃO
Um trem turístico vai reativar a ligação entre São Paulo e
Paranapiacaba, única vila ferroviária do país a manter as
mesmas características de
quando foi construída, no século 19. A operação deve começar
em setembro ou outubro.
O percurso, de 48 km, será da
estação da Luz a Paranapiacaba, distrito de Santo André
(ABC), e vai durar 70 minutos.
O projeto prevê inicialmente
uma viagem, aos domingos -a
intenção, depois, é expandir
horários e oferecer o passeio
também aos sábados. Haverá
uma parada em Santo André.
Dois trens Budd, para 178
passageiros no total, farão o
trajeto. O valor da passagem
ainda não está definido, mas será inferior a R$ 30, afirmou
João Paulo de Jesus Lopes, secretário-adjunto de Estado dos
Transportes Metropolitanos,
responsável pelo projeto. O investimento será de R$ 300 mil.
Coordenado pelo governo do
Estado, o projeto quer restabelecer o acesso ferroviário a Paranapiacaba, interrompido em
2002 -quando a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) desativou a linha
regular por falta de demanda.
"Hoje, se chega à vila de ônibus, o que nos parece um contra-senso", afirmou Lopes.
No passeio, monitores falarão da SPR (São Paulo Railway), que construiu a ferrovia
de SP a Santos de 1860 a 1867.
Ficava em Paranapiacaba
-moradia dos trabalhadores-
o principal desafio: um desnível
de 800 m entre a serra e o mar,
vencido por meio da tração
com cabos de aço.
Na vila, os turistas poderão,
entre outros, visitar o Castelinho, casa do engenheiro-chefe
da SPR, e o museu funicular.
Integrante do projeto, a Prefeitura de Santo André vai reformar a estação de trem de Paranapiacaba. A prefeitura comprou a vila da União em 2002.
Segundo a subprefeita Vanessa Figueiredo, Paranapiacaba está preparada para receber
turistas -além do circuito monitorado, há 174 pousadas; há
seis anos, não havia nenhuma.
Entre o público-alvo do passeio estão turistas, muitos do
exterior, que já visitam a estação da Luz. Com cerca de 1.400
moradores, a vila recebe 4.000
pessoas aos finais de semana.
Revisão
As composições estão em revisão em uma oficina da CPTM.
Elas foram cedidas ao Estado
pela ABPF (Associação Brasileira de Preservação Ferroviária) e estavam no museu do
Imigrante (Mooca, zona leste).
Segundo Fábio Barbosa, diretor da ABPF, os trens serviram, no passado, à Estrada de
Ferro Araraquara e estão em
bom estado. Precisam só de revisão mecânica e hidráulica.
Um dos trens é de primeira
classe, com poltronas individuais e reclináveis; o outro, de
segunda classe, tem bancos inteiriços, estofados.
Para circular, o trem vai
aproveitar a linha 10-turquesa
da CPTM (Luz-Rio Grande da
Serra). De lá, usará a linha da
MRS, que detém a concessão
do transporte de cargas na área.
Não há necessidade de reformas na linha, segundo Lopes
-daí a idéia de iniciar a operação em 60 ou 90 dias. O governo disse que enviou o pedido de
autorização à MRS na semana
passada. Anteontem, a empresa disse que não o havia recebido. A implantação requer ainda
o aval da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), que disse ser, "a princípio", favorável ao projeto.
Moradora da casa número
um da vila há 70 anos, Francisca Araújo, 78, diz querer de volta a vila inglesa da infância. "Vila ferroviária sem trem não dá."
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