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Economia favorável faz mais crianças viajarem pelo mundo
Desconto para pequenos e opções de pagamento favorecem fenômeno
ROBERTO DE OLIVEIRA
DA REVISTA DA FOLHA
A estudante Catarina Alvarenga, 8, debutou aos seis meses na França. Seu irmão, Frederico, 11, deu os primeiros passinhos em Londres, aos dez
meses. Seth Argar, 8, tinha um
ano e seis meses quando embarcou para a Austrália.
"Pisar no imponente Coliseu
foi uma das experiências mais
fantásticas da minha vida", empolga-se o estudante Pedro Bulhões Cesário. No ano passado,
ele esteve na Itália. "Viajei no
tempo. Fiquei imaginando como era o Império Romano."
Aos 12 anos, Pedro acumula oito países no "currículo".
Os pais dessa nova geração de
minipassageiros caíram na estrada no tempo em que ganhar
o mundo de mochilas era o
"must" da liberdade. Mas aventurar-se em outros países era
coisa para depois dos 18 anos.
Economia favorável, dólar
em conta, aumento no número
de vôos e o barateamento das
passagens, sem falar nas facilidades de pagamento, vêm ajudando o brasileiro a romper
fronteiras e a garantir mais carimbos no passaporte.
Estas férias de julho são um
bom reflexo desse cenário. O
número de viajantes neste mês
é 10% maior do que em 2007.
"É a melhor temporada dos últimos três anos", anima-se Leonel Rossi Júnior, diretor de assuntos internacionais da Abav
(Associação Brasileira de Agências de Viagens). Cerca de 5 milhões de brasileiros devem ir ao
exterior em 2008.
A estudante Sophie Lucas, 9,
é uma das que engrossam essa
lista. Da Grécia, a menina contou à reportagem que conheceu
três amigas francesas numa colônia de férias na Normandia
(França), onde fez um curso de
hipismo durante as férias.
No caso de Sophie, o gosto
por viajar é herança de família.
Ela segue os passos dos três irmãos adolescentes, que já estiveram em 25 países, sempre
acompanhados pelos pais, os
empresários Marcia e Patrick
Lucas. Eles passaram a paixão
adiante, com descontos, para os
filhos. Crianças de até dois anos
pagam 10% do valor da passagem viajando no colo em vôos
internacionais. Nos nacionais,
não pagam. Entre 2 e 12 anos, o
desconto é de 25%, mas o viajante-mirim tem direito a assento. Se for doméstico, esse
percentual pode chegar a 50%.
Viajar tão cedo é um privilégio. Não só do ponto de vista do
aprendizado da cultura e da língua. "O ideal seria que todas as
crianças pudessem fazer isso",
diz Maria Angela Carneiro, 61,
educadora da PUC. Segundo
ela, viajar é enriquecedor também para ampliar os conhecimentos que na escola são transmitidos de forma abstrata.
"Quem viaja tende a crescer
mais observador e tolerante. Lá
fora, aprende-se a respeitar tudo o que é do outro. Não apenas
o indivíduo, mas a cultura."
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