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Vítima deve evitar reações extremas
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem rebeldia nem submissão
total. As reações extremas podem
ter consequências graves para a
vítima durante o sequestro ou até
cinco anos depois dele.
Para o psiquiatra Eduardo Ferreira Santos, supervisor do serviço de psicoterapia do Instituto de
Psiquiatria do Hospital das Clínicas, em São Paulo, a vítima tem de
colaborar com os sequestradores,
mas não pode ceder demais.
"A submissão total afeta a auto-estima e a personalidade", disse
Santos, que coordena um programa do HC de tratamento psicológico gratuito a vítimas de sequestro. "É pela submissão total que
geralmente surgem os problemas
psicológicos", afirmou.
Ele é contra a idéia de elaborar
um manual de sobrevivência do
sequestrado. Para o médico, a vítima tem de manter a calma para
avaliar a situação e reagir de acordo com as circunstâncias. "Não se
pode afrontar o sequestrador,
mas também não se pode parecer
desesperado", disse.
Embasado no depoimento de
60 vítimas acompanhadas hoje
pelo programa, Santos afirma que
os sequestrados devem colaborar
no sequestro e que o engenheiro
civil Fernando (nome fictício)
agiu certo. "Ele tem de agir assim,
embora seja uma situação absurda", afirmou o psiquiatra.
Segundo ele, o sequestro pode
desencadear um trauma psicológico -chamado de estresse pós-traumático- num prazo de até
cinco anos depois do incidente.
O melhor remédio, segundo ele,
é falar sobre o assunto. "Tudo que
se esconde debaixo do tapete vai
apodrecer debaixo do tapete. Vai
começar a cheirar mal, e aí não
adianta mais", afirmou o médico.
Das 60 pessoas acompanhadas
pelo programa, 40 foram vítimas
de sequestro relâmpago e o restante, de sequestro tradicional.
Segundo o psiquiatra, o sequestro
relâmpago pode causar tanto ou
mais traumas psicológicos do que
o tradicional.
"Na maioria dos casos, a vítima
do sequestro relâmpago é mulher
e jovem, tem pouca estrutura psicológica para aguentar esse tipo
de violência. No sequestro tradicionais, as vítimas são mais velhas
e estão mais preparadas para suportar essa situação", disse.
Para o pesquisador Túlio Kahn,
a colaboração é o melhor caminho, mas é preciso evitar a intimidade. "A vítima pode ficar sabendo demais da quadrilha e isso pode comprometer a sua situação",
afirmou Kahn.
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