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Elo entre líderes é investigado no RJ
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
A polícia do Rio investiga a ligação entre William da Silva Lima,
60, o Professor, preso em Bangu 3,
e Júlio César Guedes de Moraes, o
Julinho Carambola, preso no interior de São Paulo. Eles seriam articuladores da aliança firmada entre as facções criminosas CV (Comando Vermelho), do Rio, e PCC
(Primeiro Comando da Capital),
de São Paulo.
Em julho, a Draco (Delegacia de
Repressão a Ações Criminosas
Organizadas) abriu um inquérito
para apurar a ligação entre os dois
líderes das facções.
"Há algum tempo investigamos
essa aliança. Recentemente, surgiu o informe de que Professor está envolvido. Muitos nem se lembram dele, mas a influência que
tem dentro do CV é grande", disse
o delegado Ricardo Hallak.
Professor é um dos fundadores
do CV, cuja história ele relata no
livro "Quatrocentos contra Um:
uma História do Comando Vermelho", lançado há 11 anos.
Com o nome inicial de Falange
Vermelha, o hoje CV foi criado
nos anos 70 por um grupo de detentos do extinto presídio da Ilha
Grande, onde conviveram com
presos políticos encarcerados pelo regime militar.
Condenações
Sentenciado a 84 anos de prisão,
Professor tem em sua ficha criminal 13 condenações por assalto a
mão armada e uma por sequestro
-algumas combinadas com o
crime de formação de quadrilha.
Também constam três fugas, conforme registra o Desipe (Departamento de Sistema Penitenciário).
Uma das diferenças entre Professor e os demais líderes do CV é
que ele não controla pontos-de-venda de drogas em favelas do
Rio de Janeiro.
Professor já passou por diversas
penitenciárias do Estado e foi um
dos primeiros presos a ingressar
no presídio de segurança máxima
Bangu 1, em 1988.
Mesmo fora dos holofotes da
mídia, Professor desempenha papel importante dentro do CV.
Uma das indicações deste poder
é, de acordo com o delegado Hallak, a função de diretor da Associação Cultural de Bangu 3, exercida por Professor. Ele está no
presídio desde 1997, quando foi
transferido de Bangu 1, porque tinha bom comportamento.
"Ser diretor de associação mostra prestígio. O Isaías do Borel
[Isaías Costa Rodrigues, outro líder do CV", por exemplo, é diretor da Associação de Esportes.
Eles lidam sempre com os diretores do presídio e levam a eles as
reivindicações dos presos."
Aliança
A aliança entre o CV e o PCC já
não é novidade para a polícia. Em
dezenas de favelas cariocas há
muros pichados com as duas siglas, lado a lado. Fotos dessas pichações fazem parte do inquérito
policial. A polícia também já
apreendeu armas com as siglas
das facções.
A Subsecretaria de Inteligência
da Secretaria Estadual de Segurança adotou, neste semestre,
uma medida para tentar evitar rebeliões em conjunto: é feita uma
consulta diária, por telefone, sobre a situação dos três presídios
de São Paulo onde estão integrantes do PCC.
Informações colhidas pela subsecretaria davam conta de um
plano para uma megarrebelião
nos presídios onde estão integrantes das duas facções criminosas. A ação simultânea aconteceria no último dia 6 deste mês, data
do primeiro turno das eleições. A
subsecretaria investiga se a megarrebelião ainda pode acontecer.
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