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ENTREVISTA
"Médico não deve se conformar", diz homenageado por associação
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Todo médico precisa ter uma
"atitude política e ser um agente
transformador". Tem de participar, não se conformar.
Essas idéias são do médico José
Paulo Cipullo, 67, chefe do Departamento de Medicina da Faculdade de Medicina de São José do Rio
Preto (SP) e um dos profissionais
homenageados na última sexta-feira pela Associação Paulista de
Medicina (APM).
Todo ano, no Dia do Médico, a
associação presta homenagem a
dois de seus profissionais. O outro foi Jorge Michalany, curador
do Museu de Medicina da APM,
homenageado pelo trabalho de
resgate histórico que vem realizando. Justamente na sexta-feira,
a APM também inaugurou seu
museu, agora aberto ao público.
Michalany foi professor da então Escola Paulista de Medicina,
hoje Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp), onde José Paulo
Cipullo se formou em 1962. Hoje,
além de chefe de departamento
da Medicina de Rio Preto, Cipullo
é diretor de ética da Sociedade
Brasileira de Clínica Médica.
Enquanto estudante, Cipullo
ajudava o pai no "barzinho" que
mantinha no Clube Atlético Juventus, na rua Javari, em São Paulo. Pai de dois filhos e avô de dois
netos, ele diz que permanece "juventino" e garante que viu o histórico gol de Pelé, de 1959, que
não tem registros filmados. Leia
trechos da entrevista à Folha:
Folha - Na sua opinião, como
deve ser a formação de um médico
hoje?
José Paulo Cipullo - Estamos justamente reformulando o currículo na nossa faculdade. Defendo
que o médico pode ser o especialista que desejar, mas antes tem de
ter um bom médico com formação geral. Deve aprender em três
frentes, no hospital da faculdade,
nos ambulatórios do hospital e na
comunidade, indo para as unidades básicas de saúde e para os
programas de saúde da família.
Antes de ser bom especialista,
precisa ser um excelente clínico.
Folha - Que papel o médico deve
desempenhar?
Cipullo - Ele tem de ter atitude
política, ser agente transformador. Não pode se conformar, ser
só corporativista. Se o convênio
não paga o suficiente, o doente
não é culpado. O médico deve ter
visão humanística, na formação, e
humana, na atuação. Tem de ter
uma formação holística.
As escolas estão mudando nessa
direção, no sentindo de pôr o aluno próximo à realidade. Hoje, por
exemplo, estudantes de 1º ano da
faculdade estão indo aos postos
de saúde, não como médico, mas
como observador, para conhecer
e entender aquele universo.
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