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Escola de Guarulhos teve 4 diretoras em apenas 8 meses
Duas delas tiveram duas passagens pelo colégio nesse período; transferências agora só podem ser feitas a partir de um ano
Presidente da Apeoesp diz que é contra a rotatividade nas escolas, mas afirma que há muitos problemas
que motivam a mudança
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
De outubro até agora, a escola Nova Cumbica 2, em Guarulhos, teve quatro diretoras, sendo que duas delas ocuparam o
cargo duas vezes.
Na ordem, Silene, Marizilda,
Mariane, Suzete, Mariane, Marizilda. Isso só pôde acontecer
graças ao artigo 22 da lei complementar 444/85, do magistério público, que amparava
substituições de professores,
diretores e supervisores a partir de um período de 30 dias.
Agora, os afastamentos só podem acontecer a partir de 200
dias letivos (ou um ano).
"Essa movimentação de professores e diretores inviabiliza
qualquer plano de metas em
um determinado prazo. Dificulta a adaptação do professor,
seu conhecimento da escola e
da comunidade", diz a diretora
regional de ensino Maria Aparecida Barreto.
Mariane, que aparece duas
vezes no segundo parágrafo, é
um exemplo bastante ilustrativo do que ela mesma chama de
"efeito dominó".
Aprovada em concurso , Mariane, que é de Matão (305 km
de SP), pleiteou o cargo de diretora na escola de Guarulhos
"porque só dava para escolher
lugar na Grande São Paulo". Ela
substituiu Marizilda, que entrara no lugar de Silene.
Mas ficou pouco tempo no
cargo. Logo conseguiu uma vaga em uma escola de Matão, cuja diretora foi para São José do
Rio Preto. Ocorre que a diretora não se adaptou em São José,
e voltou. Mariane então teve de
retornar para Guarulhos.
"O certo seria o diretor ficar
um tempo -digamos, quatro
anos- no mesmo lugar, para a
escola pegar a cara dele", afirma a própria Mariane.
Na época, ela se valeu da resolução 73 do artigo 22 ("pedi
anuência na escola em que trabalhava e me inscrevi para concorrer a uma vaga na minha cidade"). Em sua segunda gestão
como diretora na escola Nova
Cumbica 2, Mariane ficou apenas cinco dias -até conseguir
recolocação em Matão. Ela argumenta que "o professor que
mora longe vai ter de vender a
casa, reestruturar toda a vida
da família, se mudar."
O presidente da Apeoesp,
Carlos Ramiro de Castro, diz
que é radicalmente contra a rotatividade de profissionais nas
escolas -mas argumenta que
há muitos problemas que motivam a remoção.
"O número de ingressantes
por ano no magistério é enorme, e a maioria das vagas está
em São Paulo. Pega um candidato jovem que mora no interior: ele passa no concurso, é
obrigado a escolher uma escola
na capital e, quando chega aqui,
encontra violência, falta de infra-estrutura e tem de viver
com um salário baixo. Esse professor não pede nem transferência, pede demissão", diz.
A professora de geografia
Maristela (nome fictício), 38,
de Araçatuba, conta que sofreu
ameaça de alunos de uma escola em São Bernardo, quando a
mãe de um deles relatou em
uma reunião de pais e mestres
que ele usava drogas. O garoto
achou que a professora o havia
entregado e a aguardou na porta da escola com amigos.
"Os rapazes estavam com
paus e pedras, e eu fiquei tão
nervosa que não consegui abrir
o portão com a chave mestra",
conta ela, que precisou pedir
transferência. "Não tinha mais
condições de ficar naquela escola. Trabalhava com medo".
O presidente do Apeoesp diz
que a luta dos professores é
mais antiga que o decreto
53037/08, que modifica o sistema de transferências e substituições nas escolas. "Nossa paralisação é por melhores condições de trabalho. Também queremos que o professor permaneça na escola o máximo de
tempo possível."
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