São Paulo, sábado, 21 de junho de 2008

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ALBERTO DE CAMPOS BORGES (1921-2008)

Um homem pragmático da topografia

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o dia em que a bola de pingue-pongue da vizinha quicou em seu quintal, Alberto Borges soube o que queria. "Sempre prático", daqueles que projetam meandros da vida enquanto tomam um café, devolveu a bolinha, pediu-a em casamento e decidiu mudar de vida.
Tanto que desistiu da Escola Politécnica pela engenharia civil do Mackenzie -"achava o curso mais prático"- e, de lá, tomava emprestados equipamentos para fazer medições. Assim, fez o seu pé-de-meia e se casou antes da formatura.
Virou engenheiro, dizia, graças à maestria do professor do primário "que o deixou apaixonado por matemática", conta uma das quatro filhas. Tinha seis netos e o título de professor emérito do mesmo Mackenzie onde começou a lecionar há 50 anos. Foi ainda diretor do departamento de engenharia da Faap. Só deixou de dar aulas, dizia, "quando começou a encontrar nos restaurantes netos de ex-alunos".
Com cinco livros publicados (dois sobre práticas de construção e três de topografia), vendia, calculou um dia, nove exemplares por semana, "incluindo sábado e domingo". Esportista dos bons, não esquecia o basquete sobre patins do tempo da faculdade ou o tênis, hobby que só era menos importante que a tapeçaria. Varava tardes numa praia do Guarujá trançando tapetes. Um deles, um retrato da Monalisa, está em seu quarto. Morreu segunda, aos 87, de pneumonia.


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