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ALBERTO DE CAMPOS BORGES (1921-2008)
Um homem pragmático da topografia
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Desde o dia em que a bola
de pingue-pongue da vizinha
quicou em seu quintal, Alberto Borges soube o que
queria. "Sempre prático", daqueles que projetam meandros da vida enquanto tomam um café, devolveu a bolinha, pediu-a em casamento
e decidiu mudar de vida.
Tanto que desistiu da Escola Politécnica pela engenharia civil do Mackenzie
-"achava o curso mais prático"- e, de lá, tomava emprestados equipamentos para fazer medições. Assim, fez
o seu pé-de-meia e se casou
antes da formatura.
Virou engenheiro, dizia,
graças à maestria do professor do primário "que o deixou apaixonado por matemática", conta uma das quatro filhas. Tinha seis netos e o
título de professor emérito
do mesmo Mackenzie onde
começou a lecionar há 50
anos. Foi ainda diretor do departamento de engenharia
da Faap. Só deixou de dar aulas, dizia, "quando começou a
encontrar nos restaurantes
netos de ex-alunos".
Com cinco livros publicados (dois sobre práticas de
construção e três de topografia), vendia, calculou um dia,
nove exemplares por semana, "incluindo sábado e domingo". Esportista dos bons,
não esquecia o basquete sobre patins do tempo da faculdade ou o tênis, hobby que só
era menos importante que a
tapeçaria. Varava tardes numa praia do Guarujá trançando tapetes. Um deles, um
retrato da Monalisa, está em
seu quarto. Morreu segunda,
aos 87, de pneumonia.
obituario@folhasp.com.br
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