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Investigação inclui até disfarce
DA REPORTAGEM LOCAL
""Uma foto bem que ajudaria.
Acontece de o procurado atender
a porta dizendo que não é ele", diz
o policial da Divisão de Capturas,
que não quer ser identificado porque costuma trabalhar disfarçado. Em seis anos na unidade, Pedro (nome fictício) calcula ter
prendido cerca de 500 pessoas.
O investigador e seu parceiro
guiam a Folha até uma cidade da
Grande São Paulo onde estaria escondido um estelionatário. Carregam nas mãos a ordem de prisão,
a denúncia recebida e o resultado
da pesquisa sobre o endereço dele
que haviam feito na internet.
Não deu para pegar a foto dele
no IIRGD nem daria para localizar sua fotografia na delegacia que
o prendeu, em uma cidade do interior. O jeito é procurá-lo pelo
nome, no bairro, sem despertar
muito a curiosidade dos vizinhos.
O investigador diz que, com a
experiência, dá para perceber
quando o fugitivo mente. Em caso
de suspeita, pedem documentos e
checam pelo rádio. É difícil descobrir a verdade se ele tem um documento bem falsificado.
Mas, primeiro, antes de pensar
em outros complicadores, é preciso descobrir onde ele mora.
São quase 50 minutos de carro
até a cidade onde ele se esconde,
provavelmente desde que ficou
sabendo da sentença, em 2000.
A equipe gasta mais 20 minutos
para descobrir que a rua indicada
na denúncia está com o nome
misturado ao de outra. É um bairro de periferia. Pobre. A casa fica
em local difícil para montar um
posto de observação.
Falta verificar ainda se o número da casa que consta da denúncia
anônima está certo. Para complicar, a numeração da rua é irregular, pula dezenas da sequência.
Por volta das 6h30, as ruas estão
quase vazias. Os cachorros revelam a passagem do carro policial
pelo bairro e a do investigador
que segue a pé.
O veículo é parado distante dali.
Um dos investigadores conversa
com vizinhos que saem para o
trabalho. Descobre que o número
da casa que consta da denúncia
está errado, invertido. O estelionatário mora ali perto, mas saiu
bem cedo para viajar.
Não há mais o que fazer, diz o
policial, a não ser esperar um outro dia mais favorável. Até lá, a
equipe virá mais vezes, até disfarçada de vendedores. São várias as
técnicas que a unidade usa para
confirmar que a pessoa está em
casa e qual a melhor hora de abordá-la com o mandado.
(AS)
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