|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SEGURANÇA
Neste ano, das 36,2 mil ordens de prisão, 28,8 mil foram executadas; Divisão de Capturas tem 50 homens na capital paulista
20% dos mandados não são cumpridos
DA REPORTAGEM LOCAL
Um em cada cinco mandados
de prisão recebidos pela polícia de
São Paulo no primeiro semestre
deste ano não foi cumprido, segundo balanço inédito divulgado
pela Divisão de Capturas.
Isso representa quase 7.500 ordens judiciais incluídas no cadastro estadual de foragidos, que hoje acumula 120 mil decisões pendentes (uma pessoa pode ter mais
de um mandado de busca).
Dos 36,2 mil mandados expedidos pela Justiça de janeiro a junho, 28,8 mil foram executados
em ações das duas polícias, Civil e
Militar, que juntas têm cerca de
120 mil homens no Estado.
A estatística abrange prisões criminais e administrativas -por
não-pagamento de pensão alimentícia, por exemplo-, que representam 25% das ordens de
captura incluídas no cadastro.
Apenas a Divisão de Capturas
da capital, órgão da Polícia Civil,
estima ter feito 10% das prisões
desse período. As dez equipes,
com 50 policiais, atuam também
na Grande São Paulo e, em casos
especiais, no interior.
A unidade passa por um processo de modernização e informatização, que começou há pouco
mais de um ano. Os computadores que permitiram a divulgação
da primeira avaliação estatística
foram doados por empresas. Mas
as caixas repletas de papéis -os
mandados- ainda existem.
""Tínhamos de estar bem mais
informatizados, ainda estamos de
forma precária", afirma o delegado Fernando Vilhena, responsável pela Divisão de Capturas.
A unidade planeja reduzir o número de mandados pendentes
com um mutirão interno, a exemplo do que foi feito nas ordens de
prisão da capital nos últimos seis
meses. Cerca de 60% das pendências da cidade de São Paulo foram
excluídas das caixas porque já tinham saído contra-ordens de prisão, os procurados já estavam detidos, morreram ou venceu a validade de execução da ordem.
Hoje, após a avaliação no arquivo, há 25 mil mandados não cumpridos na capital -2.500 por
equipe da Divisão de Captura.
E novos mandados não param
de chegar, assim como o número
de presos no Estado não pára de
crescer. De 94 para cá, a população carcerária no Estado saltou de
55 mil para 102,6 mil detentos.
O acúmulo gera uma fila na ordem de serviço dos investigadores, alterada, segundo apurou a
Folha, por familiares de vítimas
que levam informações de condenados, por pedidos judiciais ou
por denúncias anônimas que chegam com o endereço do foragido.
O primeiro problema para as
equipes de captura é localizar os
procurados. ""Quando o processo
chega em nossas mãos, após cinco
anos, por exemplo, o endereço já
era", afirma o delegado José Carlos Gambarini.
O mandado judicial chega sem
fotografia recente. Os policiais
precisam procurar nos arquivos
do IIRGD (Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt),
na capital, onde há foto da época
em que o procurado deu entrada
no pedido de RG. Outro recurso é
visitar delegacias que já o investigaram para obter fotos recentes.
Isso antes de buscar informações do fugitivo.
(ALESSANDRO SILVA)
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Setores competem na busca ao promotor Igor Índice
|