|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Setores competem na busca ao promotor Igor
DA REPORTAGEM LOCAL
O promotor Igor Ferreira da
Silva, foragido da Justiça desde
abril do ano passado, tornou-se
objeto de desejo das principais
unidades policiais de São Paulo.
Condenado a 16 anos de prisão
pelo assassinato de sua mulher,
Patrícia Aggio Longo, 27, grávida
de oito meses, ele desapareceu no
dia seguinte à decisão unânime
do Tribunal de Justiça.
Desde então, o que se viu foi um
atropelamento de investigações
de diversos setores das polícias
que não tinham a função de perseguir esse tipo de fugitivo.
O ""Crime de Atibaia", como o
caso ficou conhecido na época,
ganhou repercussão nacional em
junho de 98. No dia, o promotor
disse ter sido roubado e que um
ladrão teria atirado em Patrícia.
Desde que a prisão de Igor foi
decretada, cinco diferentes unidades das polícias Civil e Militar o
perseguiram, conseguindo inclusive autorizações judiciais para
grampear telefones de pessoas
próximas ao promotor.
Primeiro, a Divisão de Capturas
seguiu passos dele em Florianópolis, onde um irmão dele tem casa. O endereço foi monitorado de
outubro a janeiro deste ano.
Em janeiro, uma força-tarefa de
policiais do Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos) e da Deatur (Delegacia Especializada de Atendimento ao
Turista) desembarcou na mesma
Florianópolis, sem informar a Divisão de Capturas. A divulgação
dessa viagem atrapalhou o monitoramento que o primeiro grupo
de investigação montou ali.
""Ele nunca esteve lá, mas poderia ir algum dia. Depois da notícia
da viagem, nunca mais apareceria", disse à Folha um delegado
que não quer ser identificado.
Por fim, o Denarc (Departamento Estadual de Investigações
sobre Narcóticos), que andava rodeado por escândalos de corrupção, também entrou na caçada ao
promotor foragido. Uma equipe
pediu e conseguiu autorização
para monitorar telefonemas.
Mais um grupo entrou nas buscas depois disso. O serviço reservado da Polícia Militar, que chegou a seguir, sem sucesso, pessoas
da família e amigos de Igor.
Ninguém o prendeu. Ontem, ele
completou um ano e três meses
como foragido. E não existem pistas do seu esconderijo.
Segundo a polícia, o promotor
vendeu a casa onde vivia com a
mulher por cerca de R$ 140 mil.
Teria usado parte do dinheiro para pagar advogado e financiar seu
sumiço por um tempo.
""Ele está bem escondido. Em
um lugar onde não coloca o rosto
para fora", afirma o delegado Fernando Vilhena, responsável pela
Divisão de Capturas.
(AS)
Texto Anterior: 20% dos mandados não são cumpridos Próximo Texto: Trânsito: Uma pessoa morre a cada cinco dias nas estradas de Campinas Índice
|