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SAÚDE
Nascem cerca de 200 portadores da doença por ano em São Paulo, a maioria meninos; causa é desconhecida
Autismo descoberto cedo tem melhor tratamento
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
Descobrir que há alterações no
comportamento de uma criança
antes dos dois anos de idade pode
fazer muita diferença para a sua
melhora, se ela for autista.
"O diagnóstico precoce é determinante", diz o neuropediatra
Márcio Vasconcelos, professor de
pediatria da Universidade Federal
Fluminense. O médico afirma que
o mais comum é que, com o tratamento, as crianças tenham uma
"grande reabilitação".
O termo "cura" é visto com certo cuidado por associações de
apoio a portadores de autismo.
Por mais que o autista possa se assemelhar em muitos aspectos ao
indivíduo normal, sempre haveria dificuldades -mesmo que pequenas- nas habilidades atingidas pela síndrome, como comunicação e interação social.
"Quanto mais tempo dura o
quadro de autismo sem tratamento, menores são as chances de
progresso", diz o chefe do setor de
neuropediatria da Unifesp, Luiz
Celso Vilanova.
O tratamento é multidisciplinar. Profissionais de medicina,
pedagogia, fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional, entre
outros, participam. Não há exame
capaz de diagnosticar a doença.
No Brasil, não há dados específicos sobre a incidência da doença, pois o registro é feito juntamente com outras síndromes.
As estimativas internacionais
mais aceitas variam de cinco a 15
casos em cada 10 mil pessoas. A
proporção seria de quatro homens para cada mulher. Segundo
estimativas da AMA (Associação
de Amigos do Autista), só no município de São Paulo nascem todos os anos mais de 200 autistas.
Nos EUA, o número de casos registrados está aumentando. Só no
Estado da Califórnia, o número de
crianças autistas atendidas pelo
serviço social quadruplicou de
1987 a 2002. Não há uma explicação definida para o fenômeno.
Um fator é o aumento do conhecimento sobre a doença, que
leva a mais diagnósticos. Outra
questão é que a palavra autismo
hoje está associada a diversas síndromes, que variam do mais alto
ao mais leve comprometimento.
A hipótese de aumento da incidência também é considerada,
embora a causa da doença ainda
seja desconhecida. "Só há especulações", diz o psiquiatra infantil
Estevão Vadasz, da USP.
Para os médicos, o mais provável é que o autismo tenha origem
genética, mas não está descartado
que fatores ambientais possam
servir de desencadeantes.
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