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EDUCAÇÃO
Número de alunos com necessidades especiais em escolas regulares aumentou 229% desde 1998, segundo censo do MEC
Cresce a inclusão escolar de deficientes
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Jabes, 10, tem deficiência física e
mental. Bruna, 14, paralisia cerebral. Juliana e Rafael, 8, são paraplégicos. Vinícius, 13, cego. Além
de serem crianças com necessidades especiais, elas também têm
em comum o fato de freqüentarem escolas regulares e estarem
na mesma classe de alunos não-deficientes.
A inclusão de crianças deficientes em escolas regulares vem crescendo no país. O número de matriculados cresceu 229% nos últimos cinco anos, segundo o Censo
Escolar do Ministério da Educação. Passou de 43.923 alunos em
1998, quando o censo analisou pela primeira vez a situação dos alunos especiais, para 144.583 estudantes no ano passado.
No país, há 503.570 alunos matriculados com necessidades especiais -deficiências visual, auditiva, física e mental. Do total,
cerca de 30% freqüentam escolas
que oferecem o ensino regular
-em 98, eram 13%. O restante
está em escolas ou salas especiais.
A recomendação para que pessoas com deficiências sejam educadas na rede regular de ensino
está na LDB (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação). O Brasil é
também signatário de uma declaração internacional que selou o
compromisso de garantir acesso à
educação inclusiva até 2010.
Se por um lado o acesso às escolas cresce a cada ano, por outro
ainda são precárias as instalações
físicas, a oferta de material didático-pedagógico e a capacitação de
professores para o atendimento
dessas crianças.
"Soubemos de um caso de uma
criança com síndrome de Down
que fica perambulando durante o
período de aula pelos corredores
da escola. Quem acaba tomando
conta dela é a copeira", afirma
Edigilson Tavares, coordenador
do Instituto Apae, que oferece
cursos de capacitação a professores do ensino regular.
Na opinião de José Rafael Miranda, coordenador-geral de desenvolvimento da Secretaria de
Educação Especial do MEC, o
problema não é falta de recursos.
Há verbas federais e de organismos internacionais para projetos
que promovam a inclusão da
criança deficiente nas escolas,
afirma Miranda.
"O país é riquíssimo em leis que
protegem as crianças com necessidades especiais. Mas falta sensibilidade para alguns gestores da
educação. Ainda há medo e preconceito", diz.
Outro problema é a falta de
apoio terapêutico. Muitas das
crianças que freqüentam as escolas regulares não conseguem fazer
as terapias necessárias (fisioterapia, fonoaudiologia, psicologia,
psiquiatria, entre outras) por falta
de acesso a locais especializados.
Em Itaquera (zona leste), por
exemplo, a fila de espera para ser
atendido por uma psicóloga da
rede pública de saúde é de 2.000
pessoas. A rede também não dispõe de psiquiatra na região.
"Quando conseguimos vaga em
entidades conveniadas, há o problema do transporte. Muitos pais
desistem do tratamento porque
não têm como arcar com essa despesa", afirma Maria Elisa Frizzarini, supervisora da coordenadoria
de educação da Subprefeitura de
Itaquera.
É o caso da menina Bruna Lima
do Nascimento. Portadora de paralisia cerebral adquirida por problemas no parto, ela não anda,
quase não fala e apresenta movimentos bruscos involuntários.
Estuda com outros 30 alunos em
uma sala da 2ª série do ensino
fundamental na escola municipal
Benedito Calixto, no Jardim São
Pedro (zona leste).
A mãe de Bruna, Maria Lopes
de Lima, 45, diz que a filha deveria
estar sob cuidados de uma terapeuta ocupacional, mas não há dinheiro para bancar o tratamento.
A única renda da casa é a pensão
de R$ 240 que a menina recebe em
razão da sua deficiência.
Ainda assim, ela acredita que a
menina progrediu desde que passou a freqüentar uma escola regular. "Ela já consegue pronunciar
algumas palavras, aponta a sala de
aula e reconhece os colegas."
Entre os educadores, há os que
defendem a inclusão imediata das
crianças em classes regulares e
outros que preferem a inclusão
gradativa, na qual as crianças freqüentam primeiro uma sala especial na própria escola, interagindo
com os outros alunos em atividades específicas, para depois entrarem em uma classe regular.
Para Miranda, do MEC, as
crianças com deficiências mentais, físicas, visuais e auditivas
conseguem inúmeros progressos
em classes de ensino regular convivendo com o diferente.
"A linguagem é acelerada e eles
aprendem novos conceitos brincando com as outras crianças",
diz Sônia Silva, coordenadora de
estudos e novas pedagogias da Secretaria Estadual da Educação.
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