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EDUCAÇÃO
Especialistas consultados dizem que profissional deve superar preconceitos e aprender a lidar com a diversidade
Inclusão exige capacitar os professores
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
A capacitação de professores
tem importância-chave para a inclusão educacional. "É preciso
trabalhar o conceito de estereótipo e o preconceito." Caso contrário, segundo Leny Magalhães
Mrech, especialista em educação
inclusiva da Universidade de São
Paulo, o professor passa a trabalhar com esses alunos a partir de
uma metodologia superada.
"É comprovado que, quando o
professor é trabalhado e recebe
apoio para lidar com suas dificuldades, a criança com deficiência é
mais bem acolhida, e o professor
se dá conta de que não é tão difícil
lecionar para ela", acrescenta.
Depois de 32 anos de profissão,
a professora Inês Mello, 56, teve
seu primeiro aluno com síndrome de Down. Ela fez um curso de
capacitação e, mesmo assim, enfrentou dificuldades.
"No curso, diziam que a forma
de tratamento a ser dispensada
para o aluno deveria ser a mesma
dada às demais crianças. Na prática, isso não funcionava. O aluno
apresentava outras exigências e tivemos de aprender, na prática
diária, uma forma de lidar com isso, incentivando seus talentos e
negociando as tarefas que o restante da classe fazia", disse Mello.
Já Flávia Cintra, do Instituto Paradigma, organização ligada à
Abaed (Associação Brasileira de
Apoio Educacional ao Deficiente), considera que tratamento
igual é "balela". "Eu uso cadeira
de rodas e não posso exercer o
mesmo direito que os outros
diante de uma escada. Tratar com
igualdade significa respeitar a diferença para que cada um tenha o
direito de ser como é."
"A inclusão das pessoas com
deficiência nas classes regulares
de ensino pressupõe adequações
nas escolas, o que não pode ser
feito por decreto. A criança com
deficiência só agudiza a falta de
preparo que existe nas escolas",
afirma Marta Gil, gerente da Rede
Saci, organização não-governamental de difusão de informações
sobre deficiência.
O principal entrave à integração
de alunos com deficiência continua sendo o preconceito. Para
Flávia Cintra, ainda hoje, muitos
pais acreditam que, caso seus filhos tenham como colega de classe um aluno com deficiência, seu
desenvolvimento será comprometido e atrasado.
Segundo Cintra, professores
que não passaram por nenhum
processo de capacitação também
têm medo de lidar com o deficiente. "Muitos não conviveram com
crianças com deficiência na escola. Lembram delas como os maluquinhos que ficaram isolados."
Maria Tereza Mantoan, pedagoga e coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em
Ensino e Diversidade (Leped), da
Unicamp (Universidade Estadual
de Campinas), explica que o principal entrave para a inclusão dos
deficientes na rede regular de ensino é a confusão quanto ao conceito de educação especial. "Educação especial é uma modalidade
de ensino e não um nível escolar.
Isso quer dizer que ela não substitui o ensino regular, mas o complementa", esclarece.
Na avaliação de Mantoan, as
instituições de ensino especial
passam por cima da legislação ao
aceitar a matrícula de alunos que
deveriam estar também no ensino
regular, que deveria atender às
necessidades especiais dos deficientes. "Está tudo errado."
O que mais tem sido feito nas
escolas, diz Cintra, é a socialização
das pessoas com deficiência. E isso não basta para a inclusão, afirma. "É preciso investir na formação continuada dos professores,
no diagnóstico de cada caso e em
suportes específicos para cada limitação. Não há receita."
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