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Diretora recomenda uso de fralda
DA REPORTAGEM LOCAL
As aulas na rede estadual começaram há duas semanas, mas não
para Francielle Ferreira Bonfim,
24. Portadora de deficiência física
causada por um acidente, ela não
encontrou uma escola adaptada
para recebê-la na Cidade Tiradentes (zona leste de São Paulo).
A mais perto da sua casa, a escola estadual "Fernando Mauro Pires da Rocha", dispõe de vaga, porém, não há banheiro no andar
onde estão as classes de ensino
médio, segundo a direção. É preciso subir três andares para chegar aos sanitários.
A opção dada pela diretora da
escola, Marisa Racomata, à mãe
de Francielle, Kassandra Ferreira,
é que a estudante use fraldas durante a aula. "Temos um outro
deficiente na mesma situação que
só usa fralda no período em que
está na escola", afirmou Racomata na última quarta-feira.
Às 18h13 da última sexta, após
ser informada do fato pela reportagem, a assessoria de imprensa
da Secretaria de Estado da Educação enviou uma nota informando
que a pasta vai providenciar a
construção de um sanitário especial no pavimento onde está a sala
de aula de Francielle. Até que a
obra seja concluída, diz a nota, a
aluna poderá usar o banheiro da
administração da escola, localizado no mesmo andar da sua classe.
A mãe de Francielle, que tem
também uma filha de quatro anos
com paralisia cerebral, havia percorrido, sem sucesso, outras quatro escolas no bairro -duas só
têm ensino médio à noite e, em
outras duas, não há rampa de
acesso para deficientes-, à procura de vaga para a filha.
"É um total descaso com os deficientes. A gente quase implora
para conseguir um pouco de dignidade para os nossos filhos."
Aos 12 anos, Francielle foi atropelada na avenida Sapopemba.
Passou quatro anos internada
(um ano na UTI) no HC de São
Paulo se recuperando de um politraumatismo craniano e de várias
paradas cardíacas.
(CC)
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