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Aluna cursa 6ª série pela internet
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um ano, Juliana Barbosa
Novaes, 14, foi matriculada pela
primeira vez em uma escola. Até
os dez anos, ela teve aulas com
uma professora particular. Concluiu a quarta série do ensino fundamental sem sair de casa.
Ju, como prefere ser chamada,
nasceu com epidermólise bolhosa, uma doença hereditária que
deixa a pele muito frágil e, aos mínimos traumas, há formação de
bolhas. Um empurrão, por exemplo, pode arrancar a pele do braço
da menina. Cotovelos, punhos,
tornozelos, joelhos e coxas vivem
permanentemente enfaixados.
Assim, Juliana nunca pôde frequentar uma escola regular. A
mãe, Adenalva Novaes Barbosa,
48, até que tentou. "Procurei um
escola particular perto de casa,
mas não aceitaram a minha filha.
Puro preconceito", afirma.
Ela não desanimou. Em 2002,
procurou a coordenadoria de
educação de São Mateus, e Ju conseguiu ser matriculada na quinta
série da escola municipal Plínio
de Queiroz. A menina continua
sem poder se deslocar até o colégio, mas a sala de aula chegou até
Juliana por meio da internet.
Diariamente, a menina recebe o
conteúdo das aulas por e-mail.
Também faz as provas on-line.
Tem estampada na tela do computador as fotos de todos os professores e uma pasta para cada
disciplina. Também costuma se
comunicar com os colegas de
classe por meio das mensagens
eletrônicas. "Foi a realização de
um sonho. Tive a primeira turma
da minha vida."
E os sonhos não param por aí.
"No futuro, quero cursar medicina", conta Ju. Empenho e boas
notas é que não faltam. "Ela é ótima. Mal recebe as lições de casa
por e-mail e já as responde", afirma a diretora da escola, Rosângela Ribeiro. Quando as bolhas dão
um descanso à menina, ela costuma visitar à escola e conversar
com seus professores e colegas de
classe pessoalmente. "Sinto que
eles não me rejeitam", diz.
(CC)
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