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URBANISMO
Obras subterrâneas para ampliar estação, que devem ser entregues em julho, geram planos de comerciantes e da Pinacoteca
"Buraco de tatu" muda a Luz e renova a região
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Luz passa por uma revolução
subterrânea. A estação homônima, erguida entre 1895 e 1901 na
região central de São Paulo, agora
cresce para baixo. Como ela é
tombada pelo patrimônio histórico, dois saguões para passageiros
de trens urbanos estão em construção sob a velha estação, 12 metros abaixo do nível da rua. Eles
aumentarão em 4.800 m2 a área de
embarque para passageiros da
Luz, que é hoje de 2.095 m2.
Quando a obra estiver pronta,
em julho, a Luz será a terceira estação da cidade em fluxo de passageiros: passarão por lá 200 mil
passageiros por dia. Para ter uma
idéia do salto, transitam por ela
hoje 32 mil pessoas todo dia.
Os 200 mil passageiros estimados para setembro só são inferiores ao fluxo de duas estações de
metrô da cidade: Sé (650 mil por
dia) e Paraíso (280 mil), as principais interligações do sistema. Em
2008, quando a Luz deve estar interligada à linha de metrô que se
estenderá de lá até a Vila Sônia,
zona oeste, a previsão é que receba 400 mil passageiros por dia.
A perspectiva de mudança já
atraiu boas novas para a região. A
Estação da Luz da Nossa Língua,
projeto de R$ 30 milhões que ocupará as antigas salas de administração, foi planejada para o local
em razão do novo fluxo de pessoas, diz Silvia Finguerut, 46, arquiteta da Fundação Roberto Marinho, que faz a reforma no espaço. "Fizemos o equipamento cultural pensando nesse afluxo de
pessoas. Esperamos ter de 3.000 a
3.500 visitantes por dia, o que dá
mais de 1 milhão por ano."
A previsão é que o centro de referência da língua portuguesa seja
inaugurado no próximo ano.
A Pinacoteca também festeja a
obra. "A Pinacoteca vai ganhar
um acesso para o metrô e para os
trens", diz Marcelo Araújo, diretor do museu. Ele planeja criar
um espaço de exposições na nova
estação, mas só definirá como será depois de a obra estar pronta.
Comerciantes do Bom Retiro já
planejam um auditório subterrâneo para desfiles de moda e feira
de negócios ao lado da estação.
Se a idéia sair do papel, haverá
um tripé de projetos do arquiteto
Paulo Mendes da Rocha na área:
ele fez a reforma da Pinacoteca,
criou um novo espaço na área administrativa da Estação da Luz e
coordena o projeto de auditório
dos comerciantes do Bom Retiro.
Modernização
O crescimento subterrâneo da
Luz é o maior projeto da CPTM
(Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos). Visa modernizar e interligar as linhas de trens
urbanos da região metropolitana
-a exceção é a linha C, que corre
paralela ao rio Pinheiros.
A construção da estação sob a
plataforma é a conclusão de um
projeto chamado Integração Centro. A CPTM remodelou 7 km de
linhas de trem, do Brás (centro) à
Barra Funda (zona oeste), e vai
centralizar a operação num novo
centro de controle no Brás.
O projeto é orçado em US$ 95
milhões (R$ 285 milhões), dos
quais R$ 45 milhões são financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o
restante é pago pelo Estado.
"Operacionalmente, os trens vão
passar a ter tecnologia similar ao
do metrô", compara o engenheiro
Rui Duarte Criscuolo, 50, gerente
de obras e montagens da CPTM.
Escavação
Os dois saguões que estão em
construção desde julho de 2001
lembram um buraco de tatu na
escala do seriado "Terra de Gigantes". Eles foram escavados literalmente sob o piso da estação.
Para que a plataforma continuasse sendo usada, a CPTM
construiu uma laje de concreto de
um metro de altura. No piso dos
novos saguões, a laje é ainda mais
alta -tem 1,5 m de altura.
Em julho, início da operação para testes, a estação terá 14 escadas
rolantes e dez de concreto. Numa
fase posterior, serão acrescentadas cinco escadas rolantes.
Nada disso garante que a Luz
será uma estação tranqüila. "A
Luz seguirá lotada porque voltará
a ser uma das principais portas da
cidade", afirma Criscuolo.
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