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Após 3 anos, campanha vai focar saúde do homem
Governo quer desenvolver política de prevenção com homens de 25 a 59 anos
País teve 16,7 milhões de consultas de mulheres em ginecologistas, contra 2,7 milhões de atendimentos feitos por urologistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Quase três anos após anunciar que o país teria um programa de saúde masculina, o governo Lula volta ao mesmo tema e lança no próximo dia 11 de
agosto a "Política Nacional de
Saúde do Homem".
A nova política, que definirá
as ações para promoção e atenção à saúde do homem no SUS,
está sendo elaborada a partir de
um estudo que analisa as principais causas de internação e
mortalidade de homens entre
25 e 59 anos. Há cerca de 40 milhões de homens nesta faixa
etária, sendo que 70% deles dependem do SUS.
As doenças do aparelho circulatório (que incluem infartos
e derrames, por exemplo) respondem por 25% das mortes
masculinas. Em segundo lugar,
vêm as causas externas (homicídios e acidentes), com 18%. O
câncer aparece em terceiro,
com 14% das mortes.
A intenção do Ministério da
Saúde é criar entre os homens a
cultura da prevenção, o que não
ocorre hoje. "O homem só procura o médico quando está
doente. Ainda assim, só vai porque a mulher leva", diz o sexólogo Ricardo Cavalcanti, coordenador da área técnica da saúde do homem do ministério.
Os números de consultas da
pasta exemplificam bem a distância entre homens e mulheres. Em 2007, foram feitas ao
menos 16,7 milhões de consultas ginecológicas -sem contar
as consultas referentes a pré-natal e pós-parto que, juntas,
somam 15,4 milhões. No mesmo ano, foram apenas 2,7 milhões de visitas ao urologista.
"A mulher é que é a grande
promotora da saúde. É a mulher que leva o homem para
dentro do consultório médico,
diz ao médico o que ele tem,
compra o remédio e faz ele tomar", diz Cavalcanti.
Segundo ele, o ministério está negociando um projeto piloto com a Uerj (Universidade do
Estado do Rio de Janeiro) de
como deve ser o modelo de
atendimento ao homem na rede de saúde. Uma vez aprovado,
a idéia é ajustá-lo às peculiaridades de cada região do país.
"As doenças variam muito.
No Maranhão, por exemplo,
não é o câncer da próstata que
preocupa, é o de pênis. Lá tem
gente nova tendo que amputar
o pênis. Sabe o que é isso para o
homem?", questiona.
Para Cavalcanti, existem diversas razões que explicariam a
resistência do homem em ir ao
médico: de barreiras culturais à
falta de tempo ou impossibilidade de sair do emprego em horário comercial. "Temos que
mudar a mentalidade do atendimento, mudar horários, melhorar a relação entre médico e
pacientes, aumentar mais a duração do tempo da consulta."
Outra linha de atuação será o
treinamento das equipes de
saúde da família para reconhecer os homens que precisam
ser encaminhados aos serviços
de saúde. "Tem que perguntar
se teve caso de câncer de próstata na família, infarto, medir a
pressão arterial, olhar para esse
homem que não é enxergado."
Segundo o Ministério da Saúde, estão previstos até 2011 investimentos na ordem de
R$ 196 milhões na saúde do homem. Entre as ações estão a
ampliação em 20% -de 121,4
mil para 252 mil- do número
de consultas para diagnóstico
de doenças do trato genital e de
cânceres de próstata, vesícula,
uretra, bolsa escrotal, testículos, pênis e em 10% do número
de cirurgias.
(CC)
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