São Paulo, domingo, 22 de junho de 2008

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Após 3 anos, campanha vai focar saúde do homem

Governo quer desenvolver política de prevenção com homens de 25 a 59 anos

País teve 16,7 milhões de consultas de mulheres em ginecologistas, contra 2,7 milhões de atendimentos feitos por urologistas

DA REPORTAGEM LOCAL

Quase três anos após anunciar que o país teria um programa de saúde masculina, o governo Lula volta ao mesmo tema e lança no próximo dia 11 de agosto a "Política Nacional de Saúde do Homem".
A nova política, que definirá as ações para promoção e atenção à saúde do homem no SUS, está sendo elaborada a partir de um estudo que analisa as principais causas de internação e mortalidade de homens entre 25 e 59 anos. Há cerca de 40 milhões de homens nesta faixa etária, sendo que 70% deles dependem do SUS.
As doenças do aparelho circulatório (que incluem infartos e derrames, por exemplo) respondem por 25% das mortes masculinas. Em segundo lugar, vêm as causas externas (homicídios e acidentes), com 18%. O câncer aparece em terceiro, com 14% das mortes.
A intenção do Ministério da Saúde é criar entre os homens a cultura da prevenção, o que não ocorre hoje. "O homem só procura o médico quando está doente. Ainda assim, só vai porque a mulher leva", diz o sexólogo Ricardo Cavalcanti, coordenador da área técnica da saúde do homem do ministério.
Os números de consultas da pasta exemplificam bem a distância entre homens e mulheres. Em 2007, foram feitas ao menos 16,7 milhões de consultas ginecológicas -sem contar as consultas referentes a pré-natal e pós-parto que, juntas, somam 15,4 milhões. No mesmo ano, foram apenas 2,7 milhões de visitas ao urologista.
"A mulher é que é a grande promotora da saúde. É a mulher que leva o homem para dentro do consultório médico, diz ao médico o que ele tem, compra o remédio e faz ele tomar", diz Cavalcanti.
Segundo ele, o ministério está negociando um projeto piloto com a Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) de como deve ser o modelo de atendimento ao homem na rede de saúde. Uma vez aprovado, a idéia é ajustá-lo às peculiaridades de cada região do país.
"As doenças variam muito. No Maranhão, por exemplo, não é o câncer da próstata que preocupa, é o de pênis. Lá tem gente nova tendo que amputar o pênis. Sabe o que é isso para o homem?", questiona.
Para Cavalcanti, existem diversas razões que explicariam a resistência do homem em ir ao médico: de barreiras culturais à falta de tempo ou impossibilidade de sair do emprego em horário comercial. "Temos que mudar a mentalidade do atendimento, mudar horários, melhorar a relação entre médico e pacientes, aumentar mais a duração do tempo da consulta."
Outra linha de atuação será o treinamento das equipes de saúde da família para reconhecer os homens que precisam ser encaminhados aos serviços de saúde. "Tem que perguntar se teve caso de câncer de próstata na família, infarto, medir a pressão arterial, olhar para esse homem que não é enxergado."
Segundo o Ministério da Saúde, estão previstos até 2011 investimentos na ordem de R$ 196 milhões na saúde do homem. Entre as ações estão a ampliação em 20% -de 121,4 mil para 252 mil- do número de consultas para diagnóstico de doenças do trato genital e de cânceres de próstata, vesícula, uretra, bolsa escrotal, testículos, pênis e em 10% do número de cirurgias. (CC)


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