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SAÚDE / OPERAÇÃO
Nova técnica amplia retirada de tumor cerebral pelo nariz
Tecnologias aumentam uso da cirurgia endoscópica, antes voltada para a hipófise
Evolução do método de reconstrução de tecidos facilita cirurgia em diferentes áreas do cérebro próximas aos seios da face
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
As cavidades nasais estão se
tornando um caminho viável
para acessar diferentes regiões
do cérebro e facilitar operações
que antes exigiam grandes
aberturas no crânio.
A cirurgia endoscópica -já
há alguns anos usada para operar tumores na glândula hipófise- tornou-se uma aposta para
tratamentos em outras áreas
do cérebro à medida que a técnica é aperfeiçoada.
"Hoje temos novos conhecimentos da técnica, que têm
permitido fazer a cirurgia de
forma expandida na base do
crânio [parte que separa o cérebro dos seis da face e do nariz].
Podemos, por exemplo, tratar
tumores na meninge", afirma
Paulo Lazarini, otorrino da
Santa Casa de São Paulo.
Ele conta que alguns hospitais no Brasil já assimilaram os
novos usos que a cirurgia endoscópica vem ganhando na
Universidade de Pittsburgh
(EUA), onde a técnica foi inventada e é aperfeiçoada.
A operação é feita com o auxílio do endoscópio introduzido pelo nariz, que permite ao
médico acompanhar tudo numa tela. Outros instrumentos
também penetram pela via respiratória. É feita uma pequena
perfuração no crânio, e o tumor, retirado.
A principal mudança na cirurgia foi na etapa final: o fechamento do crânio. Em vez de
usar pedaços de mucosa do nariz ou de músculos da perna
-tecidos que tendiam a morrer
com o tempo-, os médicos passaram a usar um retalho do
septo nasal sem desgrudá-lo totalmente, permitindo que ele
continue irrigado por vasos
sangüíneos e vivo, portanto.
"Hoje tratamos tumores próximos ao nervo óptico e à carótida [artéria que irriga o cérebro]. A nova técnica trouxe mais segurança para o fechamento da base do crânio, diminuindo o risco de expor o cérebro ao contato com a via respiratória, onde há bactérias. Diminuiu então o risco de complicações como a meningite e a drenagem de líquido cerebral
pelo nariz", afirma.
Neuronavegação
Fernando Oto Balieiro, otorrino do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, diz que,
além da nova forma de fechar o
crânio, outro avanço que facilitou a cirurgia endoscópica foi a
possibilidade da neuronavegação. O computador localiza os
instrumentos na tela e dá uma
imagem mais global que a proporcionada pelo endoscópio.
O médico lembra que a cirurgia endoscópica "não veio para
ser a solução de todos os problemas" e que não pode ser usada em todos os casos. De acordo
com ele, ela é útil basicamente
para a parte do cérebro que faz
fronteira com as vias respiratória, mas não é a melhor opção
caso o tumor esteja em outras
regiões.
Para o neurocirurgião da
Santa Casa Américo Rubens
Leite dos Santos, há diversas
vantagens no uso dessa cirurgia, e a principal é a estética.
"Não ter que abrir o crânio
evita que o paciente fique com
uma cicatriz na cabeça. Já a recuperação no pós-operatório
não tem uma grande diferença
da cirurgia tradicional", diz.
Ele ressalta outros pontos
positivos como a menor exposição e manipulação dos tecidos cerebrais, o que reduz os
riscos da cirurgia.
Colaborou CLÁUDIA COLLUCCI , da Reportagem
Local
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