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São Paulo completa um mês sem chuva
Tempo seco aumenta concentração de poluentes no ar e causa problemas de saúde, como irritação nos olhos
CRISTINA MORENO DE CASTRO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
CÍNTIA ACAYABA
DA AGÊNCIA FOLHA
A cidade de São Paulo completa hoje um mês sem chuva.
O tempo seco piora a poluição
na capital e em outras cidades,
como Campinas e Cubatão.
Com umidade do ar mínima
de 27% ontem -e a mesma previsão para hoje e amanhã-, São
Paulo está na faixa de umidade
preocupante (abaixo dos 30%),
segundo critério da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Segundo o meteorologista
Marcelo Schneider, do Inmet
(Instituto Nacional de Meteorologia), "é muito raro não chover durante o mês de julho todo". Desde 1943, isso só aconteceu três vezes, a última em
1985. Não fosse a previsão de
chuva fraca em todo o Estado
nesta quinta-feira, este poderia
ser considerado o mês de julho
mais seco dos últimos 23 anos.
O normal, segundo Schneider, é que haja 40 milímetros
de chuva acumulada em julho.
Em 2007, foram cerca de 150
milímetros. Neste ano, até hoje,
foi de praticamente zero.
É por causa da falta de chuva
e vento que a poluição se concentra, formando uma camada
cinza em meio ao céu sem nuvens de São Paulo.
A última medição da qualidade do ar feita pela Cetesb
(Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental), considerou o ar da região metropolitana e das cidades de São José
do Rio Preto, Ribeirão Preto,
Bauru e Campinas "regular".
Em Cubatão industrial, o nível
de poluentes era maior: o ar estava "inadequado" ontem.
A estiagem e a poluição provocam irritação nos olhos, entre outros problemas de saúde.
Na clínica Hospital de Olhos,
do doutor em oftalmologia pela
Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo) Jorge Mitre, houve aumento de 30% nos atendimentos entre abril e junho.
O mesmo aumento foi verificado pelo médico Marcelo Netto, doutor pela USP e PhD em
Ciências Visuais pela Universidade de Washington. "O clima
seco influi diretamente na fisiologia dos olhos, agravando
doenças oculares preexistentes
e principalmente desencadeando sintomas como sensação de corpo estranho nos
olhos, cansaço visual, coceira,
vermelhidão, flutuação e borramento da visão", diz.
Segundo Clarice Muramoto,
meteorologista da Cetesb, "a
partir de sexta, depois da chuva, vai haver uma troca da massa atmosférica e melhorará
bastante a qualidade do ar".
País
Municípios localizados em
áreas de risco de queimadas no
país estão sem chuva há dois
meses. Ao todo, 42 cidades onde satélites do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram focos de incêndio estão há, ao menos, 60
dias sem chuva.
O Sudeste e o Centro-Oeste
concentram 36 dos municípios
nas faixas de risco alto ou crítico. A classificação de risco considera temperatura, umidade,
dias sem chuva e vegetação.
São Paulo lidera, com 11 cidades sem chuva há, ao menos,
dois meses. Uma delas é Jaboticabal (341 km de SP), com
100% da área na faixa de risco
crítico. Em 62 municípios do
país não chove há 40 dias.
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