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QUEIMADA
Sete Estados registram focos de incêndio; área protegida na Chapada dos Guimarães (MT) está em chamas
Fogo ameaça florestas da região amazônica
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
O momento econômico favorável para o plantio, o clima seco e a
falta de fiscalização criam um ambiente perfeito para a proliferação
de incêndios florestais no país.
Nos primeiros 20 dias de agosto,
o Estado do Pará registrou mais
focos de calor -pontos que podem representar fogo- do que
os 30 dias do mesmo mês em 2003
(veja quadro). Na semana passada, 15% do Parque Nacional da
Serra da Canastra, em Minas Gerais, foram devastados pelo fogo.
Outros Estados da Amazônia seguem o mesmo caminho.
Um problema adicional que põe
as autoridades ambientais em
alerta é que, até a última sexta-feira, dez unidades de conservação
-áreas protegidas por lei devido
a suas diversidades e importância
de fauna e flora- estavam em
chamas.
Na Chapada dos Guimarães, em
Mato Grosso, uma área protegida
de 327 km2, 28 homens tentavam
debelar o fogo provocado acidentalmente por uma comunidade
rural, que, ao preparar o solo para
plantio, usou a queimada, mas
perdeu o controle, segundo o
Prevfogo (Sistema Nacional de
Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais).
Nesse Estado -um dos mais
problemáticos em relação às queimadas-, sete municípios estavam em alerta amarelo (risco iminente de fogo) e outros quatro em
alerta verde (em alerta para fogo).
No Pará, também em situação
crítica, nesses primeiros 20 dias
do mês já foram registrados 9.813
focos de calor contra os 6.083 de
agosto de 2003.
Rondônia, Amazonas, Tocantins e Acre também registram
uma quantidade preocupante de
focos de incêndio.
"Temos um dos melhores sistemas de detecção de fogo do mundo, mas falta ao país a parte efetiva, mecanismos de controlar as
queimadas, que estão cada vez
mais negligenciadas. Nem nas
nossas áreas de conservação estão
conseguindo impedir o uso indiscriminado do fogo. O combate,
que é uma medida emergencial, é
precário", declarou Alberto Setzer, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), responsável pelo monitoramento das queimadas no Brasil.
Para tentar evitar que o ritmo de
degradação na Amazônia -boa
parte provocada pelos incêndios- chegue a patamares como
os do ano passado, quando foram
destruídos cerca de 25 mil km2 de
vegetação, área maior que o Estado de Sergipe, o Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis) instalou 19 bases de vigilância em cinco Estados, capacitou
1.280 pessoas para ajudar no combate ao fogo e distribuiu 42 kits
para enfrentar labaredas.
"Fizemos muito neste ano em
relação à prevenção. O governo
federal deu um sinal claro de investimento na educação para evitar o fogo. Mas algumas medidas
fogem da nossa competência. Nas
margens de vias públicas, não há
um palmo de aceiro [espécie de
cerca que protege a vegetação],
não houve limpeza. Na maioria
das unidades de conservação estaduais, não há funcionários. Nas
áreas indígenas, as comunidades
têm a tradição de queimar para
fazer suas roças", declarou Romildo Gonçalves, coordenador do
Prevfogo em Mato Grosso.
E o período de risco de grandes
incêndios apenas começou. Para
os meses de setembro e outubro, a
previsão é de continuidade das
condições de propagação do fogo.
"Os ciclos naturais, como a época de seca, existem todos os anos.
Porém as queimadas são provocadas por pessoas, têm origem
proposital. Vegetação não queima sozinha. Se há fogo, há um
culpado", disse Setzer.
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