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COMPORTAMENTO
Em desenfreada corrida contra o tempo, algumas entregam-se repetidas vezes a novidades da cirurgia estética
Busca da juventude vira compulsão para mulheres
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA
Uma semana antes de casar-se
pela segunda vez, aos 45, com um
homem cinco anos mais novo, a
professora de música Estera Gotlib se submeteu a um lifting (levantamento da pele do rosto).
Àquela altura da vida, Estera, 56,
já havia feito uma cirurgia para
reduzir o nariz, outra para aumentar os seios e duas lipos -no
abdome e nas coxas. Recentemente, repetiu o lifting. "Faço tudo para parecer mais jovem. Ninguém me dá a idade que tenho."
Estera pertence a uma geração
de mulheres que, na desenfreada
corrida contra o tempo, entregam-se compulsivamente a novidades na área de cirurgia estética
e cosmiatria. Mesmo que tantas
correções produzam um resultado que possa ser considerado artificial, não importa: qualquer coisa, menos parecer velha.
"O problema é que o padrão de
beleza e juventude se tornou artificial", diz o cirurgião plástico
Eduardo Fakiani. As mulheres
agem cada vez mais rápido contra
os sinais de envelhecimento: rugas na testa são combatidas com
botox, aquele vinco perto da boca
é preenchido com restylane (ácido hialurônico) e o brilho da pele
é recuperado com peelings.
Mais eficazes que os cremes e
menos dolorosos que cirurgia, esses procedimentos são rápidos
-alguns duram 15 minutos-,
têm preços melhores, não exigem
internação ou anestesia e apresentam efeitos quase imediatos.
Embora gostem de afirmar que
"beleza é algo que vem de dentro", as mulheres que perseguem
a juventude concordam que não
há alegria de viver que resista a
uma pálpebra caída. "Faço botox
porque acho uma delícia parecer
mais jovem. A gente fica um ser
humano legal com todo mundo, a
pele brilha, os olhos também", diz
a decoradora Flávia Campana, 51.
Pelo menos três das entrevistadas encheram a boca para dizer a
frase: "Todo mundo pensa que eu
sou mãe dos meus netos." É o caso de Beth Szafir, a avó de Sasha.
Na sala de seu apartamento, nos
Jardins, repleta de fotos dela, Beth
diz que até hoje nunca fez plástica
e está em regime para se submeter
à primeira. Acende um cigarro,
conta que faz bronzeamento artificial e usa apenas botox e preenchimento.
Embora diga que não tem medo
de envelhecer, Beth confessa que
mente a idade. "Digo que estou
com 53, mas tenho bem mais."
O efeito psicológico da plástica
nas mulheres é incontestavelmente positivo. Isso porque a relação delas com o espelho, segundo os médicos, é muito particular.
A imagem que ele mostra nem
sempre é a que elas vêem.
Em alguns casos, olhar para cada detalhe do rosto pode atrapalhar na auto-avaliação do todo.
Muitas mulheres prestam atenção
apenas à parte operada, esquecendo-se de observar a proporção
do conjunto. "Não dá para preencher uma ruga aqui, um sulco ali,
tirar um pedaço de pele embaixo,
outro nos olhos e achar que vai ficar harmônico", diz Fakiani.
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