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SAÚDE
Dar suporte básico de vida em situação de emergência, principalmente nos primeiros 10 minutos, pode salvar criança
Aprender a socorrer criança é fazer "seguro"
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Aprender a dar o suporte básico
de vida a uma criança em situação
de emergência é como fazer um
seguro, diz a pediatra Adriana Vada Ferreira, que já treinou pais,
babás, professores.
Em 90% dos casos de parada
cardíaca de crianças, a causa é secundária, diz a coordenadora da
ressuscitação pediátrica do Conselho Nacional de Ressuscitação,
Amélia Gorete Reis. Isto é, o problema não é do coração, mas foi
causado por um processo respiratório ou por choque (o sangue
oxigenado não chega aos tecidos,
o que ocorre numa hemorragia,
por exemplo).
Quando o coração de uma
criança pára, portanto, muitas
outras coisas ruins aconteceram.
E por isso as chances de sobrevivência são muito pequenas -variam de 3% a 17% na maioria dos
estudos. É preciso agir o mais rápido possível para evitar a parada
cardíaca.
"Sem socorro adequado nos
primeiros oito a dez minutos,
nem toda a parafernália do socorro profissional [o do resgate] ajuda em alguns casos", diz a pediatra Ferreira, que trabalha no Instituto da Criança do Hospital das
Clínicas de São Paulo. A conclusão, afirma, vem de estudos feitos
fora do Brasil, por meio da reprodução de emergências pediátricas
em animais.
As dicas do quadro ao lado não
substituem o treinamento em suporte básico, que deve ser refeito
de dois em dois anos. O ideal é
realizar um curso, pois algumas
manobras, se mal executadas, trazem risco. A posição de vítimas de
traumas físicos, por exemplo, não
deve ser alterada sem orientação
profissional para que não haja risco de agravar lesões. O suporte
básico de vida nesse caso deve ser
feito sem movimentação da
criança. Há ainda detalhes técnicos que garantem maior eficácia.
Segundo dados da Fundação
Interamericana do Coração, a
maioria das paradas cardíacas de
crianças que acontecem fora do
hospital ocorre em casa ou nas
proximidades, quando elas estão
sob supervisão dos pais ou da babá. A síndrome da morte súbita
(mal sem causa definida que acomete crianças até um ano de idade), acidentes de carro, afogamentos, intoxicação, aspiração de
um corpo estranho, asma grave e
pneumonia são as causas mais comuns. No país, diz Reis, a principal causa de morte de um a 15 anos é o trauma, principalmente
o causado por acidente de carro.
"Você espera que jamais aconteça, mas, se acontecer, tem um
instrumento para agir", diz a bióloga Ana Luisa Vieira Pliopas, 40,
que fez o curso de suporte básico
de vida pediátrico pensando em
seus filhos Marcelo, 7, e Elisa, 5.
Antes de fazer o curso, quando a
família morava no México, Pliopas levou um susto. Marcelo perambulava pela casa com um pirulito de bola na boca. O doce soltou do palito e o menino sufocou.
"Meu marido veio e tirou. Ele
trabalhou para o Exército e aprendeu essas coisas. Mas eu não saberia o que fazer."
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