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SAÚDE
Paralisia facial exige tratamento rápido
DA REPORTAGEM LOCAL
Dia 1º de junho, sábado. O motorista Everton Ferreira de Oliveira, 19, acorda, olha no espelho e nota que sua boca se desviou para o lado, um dos olhos não fecha e já não consegue mais enrugar a
testa. De início, pensa estar sofrendo um AVC (acidente vascular cerebral). Assustado, corre para o hospital e descobre estar com
paralisia facial periférica.
Não há estatísticas oficiais sobre
essa doença, caracterizada pela lesão do nervo facial, mas os números dos dois maiores serviços da
capital paulista mostram que ela é
bem frequente.
O Hospital das Clínicas atende,
semanalmente, de dez a 15 casos
novos de paralisia facial. No Instituto de Otorrinolaringologia da
Unifesp (Universidade Federal de
São Paulo), a média semanal é de
seis casos.
A paralisia da face não escolhe
idade, sexo ou classe social. A causa mais frequente, presente em
60% dos casos, é o vírus da herpes
simples. Oportunista, ele aproveita uma queda do sistema imunológico, um quadro de estresse ou
uma mudança brusca de temperatura ambiente para se instalar.
Em resposta a esse vírus, o nervo "incha" dentro do canal ósseo,
comprimindo-o e provocando
uma interrupção na circulação
sanguínea. É como quando a gente dorme em cima do braço e fica
sem sentir a mão e o antebraço.
Esse nervo, responsável pelos
impulsos dos músculos da face, é
como um fio que sai do cérebro e
entra no ouvido junto com os nervos da audição e do equilíbrio.
Segundo o médico Yotaka Fukuda, 57, coordenador do Instituto de Otorrinolaringologia da
Unifesp, é fundamental que a pessoa procure imediatamente um
médico ao sentir os sintomas da
paralisia facial.
Um diagnóstico rápido sobre a
causa da paralisia e um tratamento correto, afirma o médico, podem evitar sequelas irreversíveis,
como a tensão dos músculos faciais, a contração involuntária do
canto da boca ou ainda o fechamento do olho durante o sorriso.
Em 85% dos casos, segundo Fukuda, o problema é resolvido no
período de seis a oito semanas.
Geralmente, são necessários o uso
de medicamentos antivirais e sessões de fisioterapia para a reabilitação facial.
O atendimento ao paciente tanto no HC como na Unifesp é feito
por uma equipe multidisciplinar
que envolve, além de otorrinolaringologistas, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, entre outros.
Nos casos mais graves, cerca de
5% do total de atendimentos, é indicada uma cirurgia para descomprimir o nervo facial ou, quando o nervo se degenera, para fazer um enxerto com outro nervo do corpo.
Traumas
Segundo o otorrinolaringologista Rodrigo Bento, 48, chefe do
serviço de paralisia facial do Hospital das Clínicas, 30% dos casos
de paralisia atendidos no hospital
são de origem traumática, causados por tiros, acidentes de trânsito ou quedas.
Ele diz que tem sido comum o
aparecimento de pessoas com paralisia facial do lado esquerdo.
São motoristas vítimas de tiros ou
de espancamento durante tentativas de assalto.
Desde 1980, ano em que o serviço foi criado, 12 mil casos de paralisia facial foram atendidos no
HC, considerado hoje um serviço
de referência internacional.
A paralisia da face relacionada
com o AVC é chamada de central.
Segundo o neurologista Roberto
Carneiro de Oliveira, 38, do Hospital São Luiz, a diferença da paralisia central em relação à periférica é que, no primeiro caso, a lesão
acontece dentro do cérebro e não
há alteração nos movimentos dos
olhos e da testa. Em compensação, há perda de força no braço e
na perna opostos ao lado do desvio da boca. Segundo Oliveira, a
paralisia também pode estar relacionada à presença de tumores ou
infecção no ouvido. (CLÁUDIA COLLUCCI)
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