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Costureira faz cirurgia para descomprimir nervo
DA REPORTAGEM LOCAL
Assim como o motorista Everton de Oliveira, a costureira Mirim da Conceição Melo, 50, não se
esquece da data em que acordou
com paralisia facial: 9 de março
deste ano. Após lavar o rosto e
sentar-se à mesa para tomar o café da manhã, foi alertada pela filha
de que a sua boca estava torta.
Em princípio, pensou que se
tratava de uma brincadeira da filha. Mas, quando levou à boca
uma xícara de café, percebeu que
tinha perdido o movimento de
um dos lados do rosto.
Em seguida, Miriam também
notou que não fechava os olhos e
não enrugava a testa. Imediatamente foi ao pronto-socorro da
Unifesp e, após passar por uma
série de exames, recebeu o diagnóstico de paralisia de grau 6, o
máximo que a doença atinge.
Como o tratamento com exercícios e medicamentos não surtiu
efeito, no dia 16 de abril ela se submeteu a uma cirurgia para descomprimir o nervo facial. Hoje, o
desvio da boca diminuiu e o olho
já mostra algum movimento.
"Foram os piores momentos da
minha vida. Tinha vergonha de
sair de casa, de ser beijada pelo
meu marido. Dava vontade de só
ficar num canto escuro do quarto
chorando. Minha auto-estima foi
a zero", afirma.
Miriam ainda frequenta semanalmente o instituto da Unifesp
para a fisioterapia. No local, ela
recebe orientação de reeducação
facial, que inclui a manipulação
dos músculos da face, especialmente os do olho e da boca, e os
cuidados que deve tomar em casa.
Segundo a fisioterapeuta Teresa
Cristina Penteado, um dos cuidados fundamentais é a proteção
dos olhos. Como a paralisia interrompe a produção de lágrimas,
para evitar o ressecamento e uma
consequente lesão da córnea, a
pessoa deve usar lágrimas artificiais e pomadas.
Também devem ser usados
óculos para proteger os olhos
contra a luminosidade. O tratamento com eletroestimulação,
como os chamados "choquinhos"
ou eletroacupuntura, é proibido.
Teresa afirma que a eletroestimulação reforça a musculatura
do lado paralisado, tornando-o
excessivamente rígido.
Diferentemente de outros músculos do corpo, é praticamente
impossível isolar a estimulação
elétrica a um só músculo ou grupo muscular devido à proximidade e pequeno tamanho dos ramos
no nervo facial.
Teresa também desaconselha
colocar gelo, mascar chiclete ou
fazer exercícios excessivos no local paralisado.
"É muito comum as pessoas darem dicas, sempre citando outros
casos que, supostamente, deram
certo com os mais diversos tratamentos. A vítima de paralisia tem
de resistir a isso e só seguir o recomendado pelo médico."
A regeneração normal do nervo
facial se dá em uma média de um
milímetro por dia. Teresa diz que
esse tipo de trabalho exige dedicação diária por parte do paciente
em repetir os exercícios utilizando as técnicas aprendidas. "A recuperação pode ser lenta, ou praticamente imperceptível no início, mas é importante que o paciente seja persistente no seu programa", afirma.
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