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ENTREVISTA
SP treina médicos para evitar sífilis e Aids
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo está iniciando um grande treinamento
de médicos para eliminar a sífilis
congênita e reduzir para menos
de 1% os casos de HIV-Aids
transmitidos da mãe para o filho.
Há um século já existe diagnóstico e tratamento para impedir a
transmissão materno-infantil
(TMI) da sífilis. A cidade de São
Paulo, no entanto, registrou 3.132
casos da doença entre setembro
de 1996 e agosto de 2001, o que
significa 6,8 casos a cada mil nascidos vivos. Uma década atrás, a
Organização Mundial da Saúde
estabeleceu como meta um caso
por mil nascidos vivos.
A iniciativa de controle da TMI
em sífilis e Aids foi lançada na
quinta-feira pela Secretaria de
Saúde do município em parceria
com o Conselho Regional de Medicina (CRM) e a Coordenação
Nacional de DST-Aids.
"A sífilis adquirida em relações
sexuais pode ser evitada com o
preservativo, e a sífilis congênita
já deveria estar extinta", diz Fabio
Mesquita, coordenador do programa municipal de DST/Aids.
Leia trechos de sua entrevista:
Folha - Como será o treinamento?
Fabio Mesquita - Todos os médicos da rede pública serão treinados por profissionais da própria
secretaria, seguindo o manual de
controle da sífilis congênita e as
recomendações da TMI do HIV,
do Ministério da Saúde. O mesmo
treinamento está sendo oferecido
pelo CRM para médicos que atendem pacientes de convênios e
particulares. Isso significa que todos os pré-natais da cidade estarão sendo acompanhados por
médicos treinados. O Ministério
da Saúde, por sua vez, estará treinando médicos de maternidades
de todo o país.
Folha - Como é feito o controle?
Mesquita - O médico pedirá à
gestante e a quem pretende engravidar que faça o VDRL, sigla
em inglês para um teste muito
simples, mas que necessita de correta interpretação. Se positivo, a
mulher será imediatamente tratada e o médico orientará o parceiro
para que ele também faça o exame
e o tratamento.
Folha - O que acontece com o feto
ou bebê infectado pela sífilis?
Mesquita - Cerca de 40% deles
morrem antes do nascimento ou
nos 30 dias seguintes. Os outros
nascem com más-formações na
arcada dentária, com surdez ou
problemas ósseos.
Folha - E com relação ao HIV?
Mesquita - Cerca de 70 crianças
ainda nascem com HIV a cada
ano em São Paulo. Há quatro
anos já existe tratamento para que
esse número seja reduzido a um
caso em cada cem crianças que
nascem de mães com HIV-Aids.
Pesquisas no Brasil mostram que
50% das mulheres chegam ao
parto sem fazer teste de HIV. Em
cinco maternidades de São Paulo
esse número foi de 20%, o que
ainda é muito alto.
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