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INFÂNCIA
Segundo presidente da entidade, pesquisa mostra que maioria deixaria de consumir produtos feitos por mão-de-obra infantil
Abrinq quer influenciar políticas públicas
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fundação Abrinq não deseja
apenas divulgar iniciativas que resultem em melhoria da qualidade
de vida de crianças e adolescentes.
A entidade espera também influenciar na adoção de políticas
públicas para atender a esse segmento da população, segundo seu
presidente, Helio Mattar, 55.
Engenheiro, Mattar já dirigiu,
entre outras empresas privadas, a
GE-Dako, e foi secretário de Política Industrial e de Comércio e
Serviços do Ministério do Desenvolvimento, entre 1999 e 2000.
Ele participa ainda da diretoria
do Instituto Ethos de Empresas e
Responsabilidade Social e dos
conselhos da International Youth
Foundation e da Social Accountability International. Na semana
passada, esteve em Genebra, na
Suíça, para uma reunião da última associação, que regulariza
condições de trabalho. Leia a seguir trechos de entrevista concedida por e-mail.
Folha - Os vencedores do Prêmio
Criança não recebem dinheiro, mas
o reconhecimento da fundação
Abrinq. Qual é o retorno das instituições premiadas?
Helio Mattar - Em 12 anos de
premiação, os vencedores sempre
se beneficiaram de uma grande
visibilidade e, como consequência, do fortalecimento de imagem
da pessoa ou da entidade premiada. Para muitos desses vencedores, a premiação fez enorme diferença, permitindo uma credibilidade adicional e uma visibilidade
que muito contribuíram para o
crescimento e fortalecimento de
suas atividades.
Nesse sentido, é muito bom o
exemplo dos Doutores da Alegria
[premiados em 1997", hoje passando por uma etapa de disseminação expressiva de suas atividades. A logomarca do prêmio aparece em sua comunicação institucional, refletindo a certeza que tiveram de que o fato ajudaria no
seu desenvolvimento e expansão.
Folha - Depois de 12 edições o
prêmio passou por uma reestruturação. Por quê?
Mattar - O crescimento ou afirmação institucional ou pessoal
conquistada pelos vencedores
com a nossa premiação, embora
importante para eles, pareceu insuficiente para nós. Buscamos
agora conhecer os elementos da
metodologia e criar condições para que essa iniciativa possa ser
inspiradora e disseminada em outros ambientes, seja por entidades
sociais, seja pelos governos.
A Fundação Abrinq constatou
que as ações da sociedade civil,
por sua criatividade, articulação e
resultados efetivos poderiam ampliar o seu impacto e servir como
referência e inspiração.
Folha - Há planos de disponibilizar um banco de idéias a partir dos
modelos premiados? As iniciativas
dos outros finalistas também podem ser aproveitadas?
Mattar - Inicialmente, as 16 finalistas serão apresentadas ao público em um catálogo a ser lançado
no evento de premiação, e estarão
à disposição para quem quiser conhecê-las melhor.
As quatro vencedoras receberão
tratamento especial de nossa parte, com registro e sistematização
da metodologia utilizada, podendo ser conhecidas de maneira
mais detalhada, em um formato
que possa propiciar os elementos
para serem reeditadas. Esse material estará disponível em um banco de dados em nosso site e em
materiais específicos sobre cada
uma das iniciativas.
Folha - Qual é o balanço que a
fundação faz de suas atividades?
Mattar - Nosso novo desafio é
construir condições que viabilizem o aumento significativo do
impacto das ações de transformação da situação da infância e adolescência em nosso país. Assim,
continuamos operando projetos
referenciais e direcionamos nossa
energia também para influenciar
políticas públicas, pois acreditamos que só elas poderão garantir
a universalização dos direitos das
crianças e dos adolescentes.
Em 2001, aproximadamente 900
mil crianças foram envolvidas em
nossas atividades, adicionadas
aproximadamente 1,5 milhão nos
programas das Empresas Amigas
da Criança. A esses números pode-se adicionar cerca de 22 milhões de crianças beneficiadas pelas administrações municipais ligadas ao programa Prefeito Amigo da Criança e que envolve 1.300
municípios de todo o Brasil.
Folha - Como está a procura dos
empresários para associar suas
marcas à fundação? Existe alguma
pesquisa sobre o retorno do consumidor dos produtos que têm o selo
de Empresa Amiga da Criança?
Mattar - Não temos uma pesquisa específica sobre o retorno do
consumidor em relação às Empresas Amigas da Criança, selo
que concedemos a empresas que
assumem conosco um compromisso social com a infância. Mas
sabemos, por uma pesquisa do
instituto Ethos e da Indicator, que
68% dos entrevistados afirmaram
que deixariam de comprar algum
produto que utilizasse mão-de-obra infantil. E que 44% são estimulados a adquirir produtos de
empresas que colaboram com escolas, postos de saúde e entidades
sociais da comunidade.
A atuação social empresarial
não pode mais ser considerada
uma tendência, mas sim um fato.
Não tenho dúvida sobre os benefícios de imagem dessas empresas
junto ao consumidor.
Folha - Os objetivos da fundação
de articular a sociedade em favor
da criança e do adolescente estão
sendo alcançados?
Mattar - O nosso trabalho, assim
como o de várias organizações,
tem alcançado resultado. De 1990,
quando fomos criados, até agora,
novos recursos da sociedade e do
setor privado foram mobilizados
para investir em novas iniciativas
que, de alguma maneira, beneficiaram centenas de milhares de
crianças e adolescentes no país.
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