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93 mil crianças aguardam vagas em creches de SP
O número de crianças na fila do ensino infantil é quase igual à capacidade de atendimento atual da rede municipal
Déficit aumentou em 2008; a Prefeitura de São Paulo promete criar 250 novas creches com 40 mil vagas até setembro de 2009
TALITA BEDINELLI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Metade das crianças que precisam de uma vaga nas creches
municipais de São Paulo não
consegue, segundo dados da
Secretaria Municipal de Educação. Em março deste ano,
96.217 crianças estavam matriculadas, enquanto outras
93.476 esperavam na fila.
Esses números só aumentam. Em junho de 2007, 87.851
crianças esperavam uma vaga.
Destas, 42 mil ainda permaneciam na lista de espera em março de 2008, nove meses depois.
A falta de vagas nas creches
de São Paulo afeta, principalmente, os moradores da zona
sul da cidade. Grajaú é o distrito
com o maior déficit: em março
deste ano, 5.003 crianças esperavam por uma vaga.
Moradora do bairro, Eulália
Santos Mendes, 22, inscreveu o
filho Erik Mendes dos Santos,
2, em junho do ano passado, no
CEI (Centro de Educação Infantil) Jardim Reimberg, próximo à sua casa. Até agora, ela espera por uma vaga. "Disseram
que ainda há 93 pessoas na
frente dele", afirma.
Fila
A fila da creche em São Paulo
é virtual. A falta de vagas é captada por meio de inscrições feitas pelos pais nas unidades durante todo o ano. Essa demanda passa a fazer parte de um cadastro único e, de acordo com a
secretaria, as crianças são alocadas quando surge uma vaga
em uma creche perto de casa.
Para diminuir a demanda, a
Prefeitura de São Paulo pretende criar 250 creches com 40 mil
vagas por meio de parcerias
com entidades privadas até setembro do próximo ano.
A maior parte dessas vagas
(3.040) será no Grajaú. O número, porém, só atenderá a
61% da demanda do distrito, se
a quantidade de crianças na fila
de espera permanecer a mesma
de março deste ano.
Dos 96 distritos da capital,
apenas Santo Amaro terá a fila
zerada - faltam atualmente
124 vagas e 160 serão criadas.
Outros 35 distritos não receberão nenhuma creche nova.
Nos dez distritos em que a
demanda por vagas é maior,
mais de 40% das crianças ainda
ficarão na fila após a construção das novas creches.
A Secretaria de Educação
afirma, no entanto, que além da
parceria com entidades privadas, pretende também construir outras creches para tentar
reduzir a espera dos pais.
"Em 2005, a gente tinha
62 mil crianças de 0 a 3 anos
matriculadas, que é a idade de
creche", diz o secretário municipal de Educação, Alexandre
Alves Schneider. "Se a gente
imaginar que em três anos e
meio a gente cresceu quase 40
mil e que a demanda entre
quem entra e quem sai está
sempre em torno de 90 mil,
acho que a gente consegue, em
quatro anos, deixar muito próximo de zero."
Os dados da secretaria divergem dos números registrados
no Censo 2007 do MEC (Ministério da Educação), que
aponta que apenas 35.016
crianças freqüentavam creches
públicas na cidade. Isso acontece porque o ministério não considera como municipais as chamadas creches conveniadas ou indiretas, que são administradas por organizações não-governamentais e recebem verba
da prefeitura. Na conta de matrículas da Secretaria de Educação, porém, as conveniadas
são consideradas.
R$ 1 bilhão
O prefeito Gilberto Kassab
(DEM) anunciou, em outubro
do ano passado, que pretendia
atrair até R$ 1 bilhão para construção de 500 creches em parceria com a iniciativa privada.
Os convênios foram viabilizados após a aprovação, na Câmara, da lei que instituiu o Programa Municipal de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Na
ocasião, Kassab afirmou que
pretendia iniciar as parcerias
ainda em 2007. O edital para a
construção das primeiras unidades, no entanto, só foi publicado no mês passado.
Durante a campanha eleitoral, Kassab -já aprovado como
candidato à reeleição por seu
partido- insistirá na tese de
que conseguirá reduzir o déficit
de vagas em creches por meio
das PPPs. O prefeito aposta no
discurso de que fez mais na
área da educação do que sua adversária, a ex-prefeita Marta
Suplicy (PT), que insistirá na
tese de que foi a criadora dos
CEUs (centros educacionais
unificados).
Colaborou EVANDRO SPINELLI
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