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Educadores criticam criação rápida de mais vagas em creches municipais
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Educadores ouvidos pela Folha dizem que dificilmente a
Secretaria Municipal de Educação terá capacidade para fiscalizar as 250 novas creches
que pretende construir em um
ano. No total, os novos prédios
disponibilizarão 40 mil vagas.
"Não há gente suficiente para
supervisionar o trabalho nas
creches. A prefeitura acaba não
se responsabilizando por essas
instituições", diz a professora
da Faculdade de Educação da
USP Maria Letícia Nascimento.
A secretaria diz que realizou
um concurso para contratar
mais cem supervisores de ensino para a fiscalização -metade
deles já começou a trabalhar.
A maior parte das vagas criadas será administrada por meio
de convênios com organizações
não-governamentais, de acordo com o secretário de Educação, Alexandre Alves Schneider. Hoje, mais de 60% das vagas já são operadas por ONGs.
O trabalho prestado pelas entidades tem que ser fiscalizado
por supervisores de ensino, que
também são responsáveis por
verificar, nas creches administradas diretamente pela prefeitura, se o projeto pedagógico
está sendo implantado.
Segundo a secretaria, antes
do concurso, 236 supervisores
eram responsáveis pela fiscalização de 1.188 unidades -média de um para cinco creches.
"Hoje já não tem fiscalização,
não tem norma, não tem exigência, não tem supervisão que
funcione", diz a também professora da Faculdade de Educação da USP Tizuko Kishimoto.
Para a pesquisadora da Fundação Carlos Chagas, Maria
Malta Campos, uma forma de
contornar o problema é criar
um padrão pedagógico para as
ONGs. "Precisa ver qual o padrão mínimo que deve ser garantido para esse atendimento.
A gente fica preocupada quando ouve que vão ser criadas não
sei quantas mil vagas e não se
sabe como", diz. "Teria que haver uma pesquisa bem feita,
com instrumentos bem planejados para avaliar a qualidade
do atendimento."
Parceria
Para ampliar as vagas nas
creches públicas, a solução encontrada pela prefeitura foi fazer parcerias público-privadas.
Por esse modelo, as empresas -que podem ser de qualquer área, como construtoras e
bancos, por exemplo- construirão as unidades e farão a
manutenção dos prédios por 20
anos. No entanto, elas não serão responsáveis pela parte pedagógica, que ficará a cargo das
ONGs ou da prefeitura.
Cada nova creche deverá custar, em média, R$ 1,7 milhão. O
investimento feito pelas empresas será pago mensalmente
pela prefeitura, que, depois dos
20 anos, receberá os prédios.
(TALITA BEDINELLI)
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